domingo, 20 de maio de 2012

Bola ao Meio


Sistema vs Filosofia



Hoje (mais do que nunca) muito se fala destas duas nomenclaturas de jogo. Contudo é importante referir que se trata de dois conceitos distintos.

Vamos por partes, um sistema de jogo é apenas uma representação geométrica da equipa dentro de campo, isto é, um sistema de jogo não passa de uma esquematização mental que um treinador idealiza para a sua equipa. Os jogadores são dispostos em campos pelas suas diversas posições como se tratassem de figuras geométricas desenhadas a rigor com esquadro e compasso.

4-4-2, 4-3-3 e 4-5-1 são alguns dos exemplos que mais frequentemente ouvimos falar quando se aborda esta temática.

Pensar em filosofia é pensar no modo como a equipa encara o jogo. Pegando no caso do Barcelona podemos ver que a formação ‘blaugrana’ entra em campo muitas das vezes num sistema de jogo designado por 4-3-3, já no que toca à sua filosofia o Barcelona é uma equipa que desde os seus escalões de formação incute uma mentalidade ganhadora onde os seus jogadores lutam permanentemente pela posse de bola através de um pressing ofensivo não dando espaço aos adversários para pensar e muito menos executar. Ou seja, a filosofia de jogo associada ao Barcelona é uma filosofia de jogo apoiada num futebol de posse e controlo de tempos de jogo, é isso que o Barcelona faz e continuará a fazer, fruto do trabalho que tem vindo a desenvolver nos últimos anos o que faz com que no caso do clube catalão seja já uma política do clube.

Existem um caso específico de um sistema que se tornou numa filosofia como é o exemplo do ‘Catenaccio’ que significa em italiano ‘porta trancada’. Originalmente este sistema táctico era desenhado num 4-3-3 que colocava 7 homens a defender para proporcionar à equipa solidez defensiva para posteriormente tentarem procurar uma transição-rápida, leia-se contra-ataque, através de futebol directo para os homens da frente. Este sistema deu muitos frutos em Itália e hoje em dia deixou de ser visto como um sistema para ser visto como uma filosofia, o sistema pouco importa desde que esteja enraizado na mentalidade de cada um que o importante é defender e depois tentar através do contra-ataque matar os jogos.

A Grécia ergueu o Europeu em 2004 a jogar com esta filosofia o que fez com que a táctica grega tenha sido considerado uma das melhores de sempre. O meio-campo helénico era composto maioritariamente por Katsouranis, Karagounis, Basinas e Zagorakis que procuravam dar estabilidade defensiva à equipa para depois servirem através de passes longos o seu homem de referência, Charisteas que tinha uma estatura física invejável (1,91m). Este era ainda auxiliado na frente por Vryzas. A Grécia apontou 7 golos em toda a competição e apenas sofreu 4, de realçar ainda o facto de só ter experimentado o sabor da derrota num jogo frente à Rússia onde quis jogar olhos nos olhos e acabou por perder 2-1, fora essa excepção os gregos optaram sempre pela filosofia designada por ‘Catenaccio’ onde entregavam o domínio de jogo aos adversários para depois saírem em contra-ataque e matarem os jogos. Na final foi exactamente isso que se sucedeu, onde o primeiro canto para a formação da Grécia apareceu aos 57 minutos e resultou precisamente no único tento da partida.

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