sexta-feira, 28 de setembro de 2012

BOLA AO MEIO: Dilema chamado James

  
James Rodríguez ou El Bandido como é conhecido no seu país natal, Colômbia, vai assumir um papel fundamental na transfiguração do Porto, pós-Hulk.

Quer seja descaído numa faixa ou no meio, James, terá sempre de jogar no Porto de Vítor Pereira. O jovem colombiano é o único no reino do dragão que fará esquecer o monstro verde. Jogador de elevada qualidade técnica, rápido a pensar e a executar, James leva para campo a sua intensidade e contagia a equipa.

Longe de ser um líder, o jovem de 21 anos ganhará novos contornos no Porto, onde se afigurará como figural principal do actual campeão nacional. A sua imprevisibilidade e a sua velocidade são armas de grande qualidade. Considerado por muitos como uma das jovens promessas do futebol Mundial, James terá oportunidade de demonstrar isso este ano.

Na goleada imposta pelo Porto ao Beira-Mar por 4-0, James assumiu o papel de organizador de jogo dadas as ausências de Fernando e Lucho, onde o técnico português inverteu o triângulo no meio-campo e deu mais liberdade a James para apoiar e jogar nas costas de Jackson Martinez. Esta dupla de colombianos conduziu o Porto à vitória e mostrou pormenores deliciosos. O novo número 10 do Porto, James, marcou um golo e fez duas assistências.

No final do jogo, Vítor Pereira assumiu que não iria voltar a jogar com um número ‘10’ e que iria voltar ao seu esquema tradicional num 4-3-3 em detrimento de um 4-2-3-1. A questão que se coloca é se James renderá tanto numa ala como rende no meio. É este tipo de dúvidas que qualquer treinador gosta de ter, num meio-campo preenchido por elementos como Fernando, Defour, Castro, Moutinho e Lucho será complicado Vítor Pereira prescindir de Fernando para adicionar mais uma unidade ofensiva no apoio ao ponta-de-lança, contudo nas alas James perde o seu brilhantismo e a sua capacidade de melhor definição das jogadas. Para o treinador do Porto, James jogará colado à linha, até porque não está disposto a fazer grandes alterações na estrutura táctica do Porto.

Na defesa poucas são as dúvidas, contudo no meio-campo o caso é diferente. Defour soube suprimir da melhor maneira a ausência de Fernando muito embora seja um jogador diferente quando ocupa a posição de médio de transição onde consegue mais facilmente penetrar espaços ofensivos e integrar o ataque, numa função mais defensiva, Defour prescinde de algumas das suas melhores qualidades. Lucho e Moutinho parecem irmãos gémeos, separados à nascença, jogam como se conhecessem há muitos anos e de olhos fechados por isso será difícil desmembrar esta dupla. O português com uma função mais de transição e o argentino com uma função mais de organizador. A frente de ataque deverá ser entregue a Varela, James e Jackson. Um trio onde as suas principais características são a imprevisibilidade, técnica e velocidade.

Em jogos teoricamente mais complicados, não faz sentido adoptar um esquema mais ofensivo, com James como organizador de jogo. Funcionou bem frente à equipa de Aveiro porque Moutinho e Defour têm uma grande inteligência táctica e sabem ocupar bem as zonas do meio-campo. A história seria diferente num meio-campo constituído por Lucho, Moutinho e James. O raio de acção de El Comandante (Lucho) e de El Bandido (James) tenderia a colidir e nem o argentino teria a capacidade de recuperar posição e a agressividade defensiva de outros tempos, ou seja, Lucho perde para Defour no capítulo das compensações defensivas.

Este ano, será fundamental para o Porto realizar uma campanha digna na Liga dos Campeões e voltar a estar entre as melhores equipas da Europa depois do desaire da época passada. Vítor Pereira e os seus jogadores terão uma prova de fogo para superarem e nesse sentido não deverá utilizar um esquema tão ofensivo que exponha a equipa a transições ofensivas.

Prudência e rigor é o que se pede ao Porto este ano na liga dos milionários, pois só assim terá oportunidade de seguir em frente na fase de grupos.

Se pensarmos em James, o colombiano deveria jogar no apoio ao ponta-de-lança mas Vítor Pereira prefere privilegiar o colectivo e não abdicar dos seus princípios. James é encostado à linha, Fernando, Moutinho e Lucho irão fazer funcionar o meio-campo, o Porto perde o brilhantismo de James na posição ‘10’ mas ganha equipa e estabilidade defensiva para os confrontos mais adversos.

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