As estatísticas dizem que a missão mais difícil que os encarnados têm em todas as épocas é a ida à Invicta para visitar o Porto. Nos últimos 40 anos, o Benfica apenas saiu vencedor do relvado dos azuis e brancos por cinco vezes, sendo que três desses triunfos foram conseguidos na década de 70. O mais volumoso data de 1975 e deu início a uma das melhores sequências do Benfica em jogos contra o Porto no reduto dos azuis e brancos. É que após vencer por 3-0 naquele ano, os encarnados foram novamente triunfar ao covil do dragão em 76 e 77.
Aquela
que foi a última goleada do Benfica nas Antas teve a assinatura de três
nomes históricos do clube: o médio Vítor Martins (segundo a contar da
direita na fila de baixo), o extremo Moinhos (último da fila de baixo) e
Toni (quarto a contar da direita na fila de cima).
Vítor Martins, o Garoupa
Rezam
as crónicas que Vítor Martins, o dono da camisola 6, era um virtuoso e
um ilusionista com a bola. A estas qualidades juntava uma capacidade
física impressionante que preenchia o meio-campo dos encarnados. Além de
ter abatido o Porto nesse clássico em 1975, voltaria a marcar nas Antas
na época seguinte.
Natural
de Alcobaça, Vítor Martins iniciou-se nas lides da bola nas camadas
jovens dos Nazarenos. O talento deu-lhe o passaporte para a Luz aos 18
anos, tendo-se estreado na equipa principal um ano mais tarde. Em quase
dez temporadas no Benfica, o jogador conhecido como o Garoupa ajudou os
encarnados a conquistar seis campeonatos. E representou a selecção por
três vezes. No entanto, a vida pregar-lhe-ia uma rasteira quase fatal.
Com
27 anos e prestes a atingir o auge da carreira, o médio lesionou-se no
menisco num jogo na Luz frente ao Chaves. A lesão obrigou a uma operação
mas durante a intervenção cirúrgica, em reacção à anestesia, teve uma
embolia cerebral que deixou algumas partes do corpo paralisadas. Era o
fim de uma carreira daquele que segundo antigos companheiros foi um dos
melhores médios do futebol português nos anos 70. Actualmente, Garoupa
trabalha no departamento de prospecção dos encarnados.
Moinhos, o extremo esquerdo
Dizem
que outro dos jogadores mais desconcertantes desse Benfica era Moinhos.
O extremo-esquerdo com cabelo farfalhudo chegou à Luz em 1973 vindo do
Boavista. Natural de Gaia, revelou-se para o mundo do futebol no
Vilanovense.
Ao
serviço dos encarnados ganhou três campeonatos em quatro temporadas.
Disputou quase 100 partidas e apontou 26 golos. O extremo acabaria por
ser uma das primeiras grandes transferências feitas por um dos
dirigentes mais famosos do futebol português. Em 1978, Valentim Loureiro
assumia a presidência do Boavista e não foi de modas. Contratou
Moinhos. Nesta segunda passagem pelo Bessa, o extremo ainda conquistou
uma Supertaça em 1979 frente ao Porto.
Após
uma carreira gloriosa, Moinhos passou recentemente por sérias
dificuldades. Teve de se submeter a um transplante de coração e, devido
aos seus problemas de saúde, ficou com uma situação financeira
delicada.
Toni, o grande
Dos
três benfiquistas que assinaram a última goleada dos encarnados na zona
das Antas, Toni é aquele que, nos dias que correm, menos precisa de
apresentações. Natural da Anadia deu os primeiros pontapés a sério na
bola no clube da sua terra. Passaria depois três anos na Académica e em
1968 ingressou no Benfica, onde permaneceria até 1981 (pelo meio ainda
teve uma experiência no futebol dos EUA, ao serviço do Las Vegas
Quicksilver). Como jogador conquistou oito campeonatos e cinco Taças de
Portugal na Luz.
E
como treinador voltaria a brilhar na Luz, levando o Benfica à conquista
de dois campeonatos (89 e 94) e de uma Taça de Portugal em 1993.
Tornar-se-ia depois uma espécie de globetrotter das tácticas,
percorrendo o mundo e mostrando em toda a parte a sua magia e entusiasmo
no banco de suplentes. A última paragem foi nos iranianos do Tractor.
Mas, apesar de aparentar ser bastante popular no Irão, saiu do clube há
poucos dias.
Foto principal via The Vintage Football Club
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