Foi no Europeu de Sub-19, em 2012, que me apaixonei pelo futebol de João Mário. Cabeça levantada, expressão corporal de craque, capacidade técnica, qualidade de passe e classe, muita classe.
Nessa competição, Portugal não passou da fase de grupos, mas deixou boas indicações. O irmão de Wilson Eduardo era o maestro de uma orquestra de bons intérpretes mas nem sempre sintonizada, onde também pontificavam nomes como Tiago Ilori, André Gomes e Bruma.
Acabado de ser campeão de juniores pelo Sporting, seguiu-se um ano e meio na equipa B dos leões. As características que anteriormente referi mantinham-se, claro, mas a transição formação/profissionalismo não foi um degrau fácil de subir. O médio leonino sentiu dificuldades em se adaptar à intensidade e combatividade de uma II Liga onde todos podem vencer todos e cada lance é disputado como se fosse o último.
Inscrever as suas qualidades no novo ritmo competitivo foi difícil, e como se não bastasse, sobressaiu a sua principal fragilidade, a falta de generosidade no capítulo defensivo. Pressionava pouco, não fazia o dito trabalho invisível, e como apenas talento não basta para alcançar o sucesso, nem nos bês dos verde e brancos se conseguiu impor de pedra e cal.
Falava-se de um empréstimo para a Grécia, onde um antigo treinador seu, Ricardo Sá Pinto, o pretendia. Mas foi outro homem que o conhecia, nem que fosse pelo sportinguismo, que o manteve em Portugal e fê-lo subir um patamar.
José Couceiro pediu-o como reforço de inverno para o seu Vitória de Setúbal, e João Mário não demorou muito tempo a assumir-se como o maestro da equipa, de tal forma que foi eleito recentemente o melhor jovem jogador da Liga ZON Sagres em janeiro e fevereiro.
O futebol mais à flor da relva que se joga no primeiro escalão português favoreceu as suas capacidades, às quais aliou mais rotatividade e a tal generosidade defensiva que lhe faltava. Hoje preocupa-se mais em defender, em fechar os espaços, em saber jogar sem bola, mas manteve a vocação ofensiva.
Quer o Vitória ataque de uma forma mais apoiada e organizada, ou em transições, o jogo tem de passar obrigatoriamente pelos seus pés, confiando na sua qualidade a passar e a transportar a bola, assim como na rapidez de pensamento e tomada de decisão. Se é necessário contemporizar e segurar o esférico, ou fazer de ilusionista para ultrapassar um adversário, também sabe fazê-lo.
Se conseguir aplicar em Alvalade o que tem feito no Bonfim, pode rapidamente tornar-se no patrão do meio-campo do Sporting e ser um candidato a lugar na campanha de Portugal a caminho do Campeonato da Europa de 2016.
E Wilson Eduardo, esse, poderá ser conhecido como o irmão de João Mário.
1 comentário:
Só podia ser do Sporting
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