sexta-feira, 23 de maio de 2014

Não é uma questão de ser, é uma questão de estar

fpf.pt
Paulo Bento divulgou ontem a sua lista definitiva de 23 jogadores que estarão no Mundial, depois de ter anunciado na semana passada uma pré-convocatória de 30 atletas. Curiosamente, a maior contestação que houve até foi em relação a futebolistas que dificilmente entrarão no onze titular.

Fala-se de um Quaresma que esteve no Euro-2012 sem ninguém se lembrar disso. E até de Adrien que ainda não somou uma única internacionalização.

O que me aflige é a questão dos 11 + 3, a fórmula utilizada em cada jogo. Estando todos a 100%, tem havido consenso de que a equipa-base que atuou no último Campeonato da Europa e durante a qualificação para o Mundial é a melhor – salvo algumas nuances – para o selecionador utilizar desde início.

O problema é que há vários jogadores que não deverão estar no Brasil a 100% e boa parte desses casos problemáticos até se concentra em duas/três posições.

Se olharmos para os extremos, vemos que Nani tem pouco ritmo de jogo e até foi rejeitado por Antonio Conte na Juventus pela sua situação clínica. Cristiano Ronaldo tem estado afastado dos últimos encontros do Real Madrid e certamente não disputará o Campeonato do Mundo na plenitude das suas capacidades. Vieirinha esteve ausente durante muitos meses. O próprio Rafa, que pode atuar nas alas, esteve lesionado durante algum tempo na parte final da época. Sobra Varela. É pouco.

Na posição ‘9’, Hélder Postiga parece ainda estar em dúvida. Éder, suplente de Rusescu em Braga desde o mercado de inverno, também tem tido os seus problemas físicos. Sobra Hugo Almeida.

Não havendo tempo a perder, Paulo Bento optou por se fixar na sua convocatória final, levando apenas esse lote para estágio, começando a aprimorar o modelo de jogo que pretende para Portugal. Mas coloca-se a dúvida. Estes 23, hipoteticamente, até SÃO os melhores jogadores portugueses disponíveis da atualidade, mas será que ESTÃO todos, neste momento, entre os 23 em melhores condições, na globalidade de fatores técnico-táticos, físicos e psicológicos?

O selecionador parece acreditar no estado clínico dos atletas acima referidos, que coincidem exatamente com os nomes que participaram na qualificação. Mas com tantos problemas nas posições de ataque, não se justificaria um estágio com um lote ligeiramente mais alargado?

Porque não levar mais um extremo e um ponta-de-lança para estágio e aí proceder a uma análise comparativa in loco? Será preferível, numa fase adiantada, proceder a alterações na convocatória e haver jogadores a entrarem “a frio”? Será preferível sentir os problemas físicos dos futebolistas em causa apenas no Mundial e ser obrigado a fazer substituições numa fase prematura de cada partida?

Um dos nossos adversários, a Alemanha, está neste momento a trabalhar com 27, até porque unidades influentes como Khedira, Schweinsteiger, Hummels, Gündogan ou Schmelzer têm tido contratempos nesta temporada. Outras seleções irão esperar até 2 de junho para encurtar a lista.

Veremos, no Brasil, quem terá a razão. Quem prefere concentrar-se nos 23 mesmo sabendo dos problemas físicos de alguns e das consequências que isso poderá ter? Ou os que não irão trabalhar tanto um certo lote específico, mas que poderão, até ao último instante, proceder a uma análise comparativa e decidir quem está em melhores condições de representar o seu país?

Sem comentários: