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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

ENTREVISTA - Jorge Teixeira: «Quero voltar a jogar na Liga dos Campeões»

A REVISTA FUTEBOLISTA regressa à Suíça para conhecer de perto a “aventura futebolística” de mais um emigrante lusitano. Hoje falamos com Jorge Teixeira, defesa de 24 anos que veste a camisola do FC Zurich, emblema que o acolheu na presente temporada depois de em 2009/10 o ter visto na montra mais reluzente do futebol planetário a nível de clubes: a Liga dos Campeões. E quando olha para o futuro imediato o jovem jogador formado nas escolas do Sporting não tem dúvidas em apontar para o caminho do regresso à Champions.

REVISTA FUTEBOLISTA (RF): Cumpre a sua primeira época no FC Zurich, como têm sido estes primeiros meses ao serviço deste clube?
JORGE TEIXEIRA (JT): É verdade, estou no primeiro ano de um contrato de 4 anos que assinei com o FC Zurich e posso dizer que até agora a época tem estado a correr muito bem, quer em termos individuais quer em termos colectivos. No plano individual devo dizer que nos primeiros três jogos efectuados apontei três golos, e tirando um mês e meio em que estive lesionado tenho sido titular. A nível colectivo estamos em 3º lugar a 2 pontos do 1º classificado, o FC Lucerna.

RF: Esta não é a sua primeira experiência no estrangeiro, em 2008/09passou pelo campeonato do Chipre e o ano passado esteve em Israel ao serviço do Maccabi Haifa, quer falar um pouco destas suas duas experiências anteriores?
JT: Sim, depois de ter estado no Fátima numa época (2007/08) em que provocámos sensação na Taça da Liga ao eliminar o FC Porto e vencido um jogo da eliminatória com o Sporting decidi – na época seguinte – que era tempo de arriscar. Foi então que resolvi aceitar um convite de uma equipa que tinha acabado de subir à primeira liga do Chipre, o Atromitos, onde fiz uma excelente primeira volta. Assim sendo em Janeiro fui transferido para o AE Paphos, também do Chipre, onde acabámos por fazer uma boa segunda volta e onde me sai também muito bem. Até que depois recebi o convite do Maccabi Haifa, campeão de Israel em título, onde estive uma época (2009/10).

RF: Ao serviço do Maccabi participou na Liga dos Campeões, a maior “montra” ao nível das competições de clubes a que um jogador pode aspirar. Que recordações lhe trazem essa presença na Champions?
JT: Jogar na Champions foi uma experiência magnífica. Ouvir aquele hino antes dos jogos é algo que nunca vou esquecer, nem tão pouco o ambiente proporcionado pelos adeptos nas viagens entre hotel e o estádio em dias de jogo. Aliás, jogar em Israel surpreendeu-me muito, não só pelo ambiente em redor dos jogos como também pelo bom futebol que lá se pratica, e um bom exemplo disso é a derrota do Benfica (0-3) já esta época ante o Hapoel Tel-Aviv.

RF: Agora está na Suíça, onde o futebol é vivido e jogado de uma forma mais morna do que em Israel, por exemplo, ou até mesmo do que em Portugal…JT: Sim, mas o campeonato suíço é muito competitivo, é muito forte no jogo fisico e apesar disso aqui também se pratica muito bom futebol. Em relação a Portugal penso que a principal diferença reside no nível técnico, pois o nosso futebol é muito mais técnico que o suíço. Agora, em relação a Israel, e na forma como o futebol é vivido, podemos dizer que é totalmente diferente daqui. Em Israel é um prazer jogar naqueles estádios, ouvir os adeptos entoar cânticos com o teu nome, seres reconhecido na rua ou quando vais a um shopping e seres adorado pelos adeptos… é uma sensação incrível.

RF: Sentiu por isso alguma dificuldade de adaptação à Suíça?
JT: Não, fui muito bem recebido pelos dirigentes, pelos adeptos e pelos meus colegas, todos me ajudaram e acarinharam muito, algo que foi muito importante na minha adaptação. Aliás, posso agora dizer que sou um dos jogadores mais acarinhados por todos.

RF: Neste momento, e como já disse, o FC Zurich está em 3º lugar da Superliga suíça, a dois pontos do 1º classificado. Quais são os vossos objectivos para o que resta jogar de campeonato?
JT: Temos vindo a realizar um bom campeonato, com uma equipa muito jovem mas com excelentes jogadores. Neste momento estamos no 3º lugar mas o nosso principal objectivo é chegar ao 1º e sermos campeões, tal como na Taça da Suíça, prova que também queremos vencer. Aliás, vencer é sempre um objectivo deste grande clube.

RF: Antes de emigrar o Jorge percorreu durante três épocas os escalões secundários do nosso futebol. Primeiro ao serviço do Casa Pia, depois viajou para o Odivelas, e por fim esteve no Fátima. Que memórias guarda deste percurso?
JT: Foram experiências muito importantes. Tive sempre excelentes treinadores, como o Jorge Paixão, o Rui Gregório e o Rui Vitória, cada um deles acabou por me ensinar coisas diferentes mas importantes que serviram para agora estar onde estou e tornar-me num jogador mais completo e ambicioso. Destaco também os excelentes companheiros que tive. Aliás, o companheirismo e união que existiram nestas equipas foram sempre aspectos magníficos.

RF: O que faltou para subir o último degrau, isto é, passar para a 1ª Liga portuguesa?
JT: Faltou o mesmo que falta a todos os jogadores da minha idade, ou seja, a falta de coragem de certas equipas apostarem em jovens. Temos realmente excelentes jogadores nas divisões inferiores e é uma pena que os clubes da 1ª Liga não vejam isso. E é por isso que cada vez mais jogadores portugueses se sentem na obrigação de tentar a sua sorte fora de Portugal. É uma pena ver que as equipas de fora apostam muito em nós e em Portugal acontece o contrário.

RF: Fez a sua formação no Sporting, na famosa Academia de Alcochete, foram anos importantes para ser aquilo que é hoje enquanto jogador?
JT: Passei lá anos excelentes da minha vida, aprendi muito em termos de formação. Tive excelentes pessoas em meu redor, relembro em particular os “misters” Leonel Pontes e Paulo Bento que apostaram em mim numa época importantíssima para a minha carreira, e com eles aprendi muito numa altura em que mudei a minha mentalidade em termos de trabalho. Recordo que com eles fomos campeões nacionais de juniores, numa equipa em que tive como colegas o Miguel Veloso, o Nani, o Yannick Djálo, o Carlos Saleiro, o Emídio Rafael, o João Moutinho, entre outros, todos grandes amigos meus e que estão agora em grande quer a nível nacional quer internacional.

RF: Costuma espreitar o campeonato português?
JT; Sim, claro que vejo sempre todos os jogos da Liga portuguesa. Este ano o Porto esta fortíssimo, a jogar um excelente futebol com um excelente treinador. Mas penso que apesar do Porto se estar a destacar o campeonato deste ano está muito mais competitivo, onde as equipas denominadas mais pequenas estão a crescer, algo que é muito bom para Portugal, pois aumenta o nível competitivo.

RF: Há pouco definiu-se como sendo um jogador ambicioso, pergunto-lhe por isso que ambições tem o Jorge Teixeira por esta altura?
JT: Neste momento sé penso em ser campeão suíço, ganhar a taça e jogar novamente na Liga dos Campeões. Quanto ao futuro vou tentar chegar a uma das denominadas grandes ligas da Europa.

RF: E voltar a Portugal não cabe dentro das suas ambições?
JT: Sim porque não? Mas penso que por agora estou muito bem aqui, quero ficar mais alguns anos fora de Portugal, mas no futuro nunca sabemos o que pode vir a acontecer e se for bom para mim porque nao regressar? Mas como já disse por agora não tenciono fazê-lo, visto que tenho uma certa reputação aqui na Suíça, além de que quero melhorar ainda mais o meu futebol.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

ENTREVISTA - David da Costa: Um guarda-redes com sangue lusitano a triunfar no futebol suíço

Aos 24 anos é uma das grandes revelações da Superliga da Suíça da temporada em curso. Filho de emigrantes portugueses nasceu em Zurique e foi nesta mesma cidade que deu os primeiros passos no mundo da bola.
“Detentor” de dupla nacionalidade sonha por esta altura com as camisolas da selecção nacional portuguesa – embora tenha já sido chamado em 4 ocasiões à equipa nacional suíça de sub-18 – e do... FC Porto, o emblema do seu coração.
Entre sonhos e ambições vive com alegria um presente marcado por uma estreia auspiciosa no principal escalão do futebol helvético.
Nas próximas linhas, e na primeira pessoa, David da Costa, guarda-redes titular – indiscutível – do FC Thun, recorda o passado, retrata o presente, e imagina o futuro numa entrevista concedida à REVISTA FUTEBOLISTA



Revista Futebolista (RF): Nascido na Suíça, filho de emigrantes portugueses, o David cresceu num país onde o futebol não é vivido de uma forma tão intensa como o é em Portugal, por exemplo. Como foi por isso a sua aproximação à modalidade numa terra onde ela não é tão popular, digamos assim...
David da Costa (DdC): Antes do mais devo dizer que sempre tive paixão pelo futebol. Para qualquer lado que fosse levava sempre uma bola atrás. Aos 5 anos o meu pai inscreveu-me nas camadas jovens do FC Zurich, clube em que fiz toda a minha formação até aos 18 anos. Dizer aliás que os meus pais sempre me acompanharam ao longo de toda a minha carreira, eles são os meus fãs mais leais.
Depois de ter passado por todos os escalões do FC Zurich assinei com este mesmo clube o meu primeiro contrato de profissional. Tinha na altura 18 anos. Por esta altura já havia sido chamado por 4 vezes à selecção de sub-18 da Suíça.

RF: Com 18 anos e numa equipa de topo da Suíça deve ter sido difícil a sua chegada ao futebol sénior...
DdC: Eu cheguei à equipa principal do FC Zurich em 2005, que na altura tinha dois ou três guarda-redes além de mim. Até 2008, ano em que terminei contrato, o clube venceu dois campeonatos nacionais da 1ª Divisão, embora eu não tenha feito um único jogo pela equipa principal. Joguei sim perto de meia centena de vezes na equipa “b” do FC Zurich, na 3ª Divisão Nacional.
Em 2007/08 fui emprestado por 6 meses ao Chiasso, da 2ª Divisão. Na temporada seguinte (2008/09), depois de ter saído do FC Zurich, assinei um contrato de dois anos com outra equipa da 2ª Divisão, o Concordia de Basileia onde fiz apenas metade da época como titular, pois estive lesionado durante toda a 1ª volta do campeonato.
Até que na época passada o Concordia foi à falência, pelo que tive que procurar uma nova equipa, tendo então optado por regressar ao Chiasso, que tinha acabado de descer da 2ª para a 3ª Divisão. Neste regresso fiz apenas 10 jogos, pois decidi sair do clube, já que achava que tinha qualidade para ir mais além e o Chiasso não poderia dar-me essa oportunidade.
Estive então algum tempo no desemprego, até que na recta final da época assinei pelo FC Wohlen, da 2ª Divisão, tendo feito 10 jogos como titular, e desta forma ajudado a equipa a alcançar a manutenção.
Em Junho de 2010 assinei com o FC Thun um contrato de 3 épocas.

RF: Depois deste longo percurso pelos escalões secundários chegou à Superliga da Suíça – o equivalente à Liga Zon Sagres de Portugal –, podendo por isso considerar-se esta como a sua época de estreia ao mais alto nível, uma vez que no FC Zurich passou grande parte do tempo na equipa “b”. Não podemos pois deixar de lhe perguntar como está a correr a estreia entre os “grandes” da Suíça?
DdC: Está a correr muito bem. Até Dezembro – mês em que o campeonato fez a habitual pausa de inverno - fizemos 20 jogos, 18 para o campeonato e 2 para a taça, e eu fui titular nos 20. Mas sei também que tenho de trabalhar para continuar a ter o meu lugar na Superliga suíça.

RF: Por falar em campeonato, muita gente, sobretudo em Portugal, pois é o contexto em que estamos inseridos, desconhece a realidade da Superliga suíça. Que descrição nos faz sobre a principal liga do país onde nasceu?
DdC: O futebol suíço evoluiu bastante nos últimos anos. Os jogadores têm qualidade e como tal a liga é mais falada lá fora. Em termos de equipas, por exemplo, a Suíça tem tido boas prestações nas competições europeias, em particular na Liga dos Campeões, onde este ano esteve o Basileia.
Em termos de características o nível de jogo da Superliga é muito rápido, os jogadores são tecnicamente fortes e evoluídos, e eu posso testemunhar isso enquanto guarda-redes, já que é preciso estar concentrado durante todo o jogo, pois o mais pequeno erro pode ser fatal.

RF: Já agora, como se define enquanto guarda-redes?
DdC: Tenho bons reflexos, e jogo bem com os dois pés o que me facilita quando saio a jogar – em manobras ofensivas – com o resto da equipa. Além disso tenho um espírito combativo e considero-me bastante ambicioso.

RF: Já que fala em ambição, o FC Thun é um clube que ainda há bem pouco tempo andou nas bocas do Mundo por ter feito “a vida negra” ao Arsenal e ao Ajax na fase de grupos Liga dos Campeões da temporada de 2005/06. Depois disso desapareceu do mapa futebolístico, tendo passado as duas últimas épocas na 2ª Divisão. Quais são as vossas ambições para a actual época? (nota: actualmente o Thun está no 6º lugar com 23 pontos, a 10 do líder FC Lucerna)
DdC: O Thun é um clube com bom nome aqui na Suíça. É um clube familiar e toda a cidade nos acompanha. Somos uma equipa jovem que luta pela manutenção na Superliga, e até agora as coisas estão a correr bem. Temos de continuar neste ritmo para fugir às duas últimas posições da tabela (os lugares de despromoção), e se conseguirmos isso depressa tudo pode acontecer até ao final do campeonato.
Na taça estamos a dois jogos de atingir a final, uma vez que estamos nos quartos-de-final da competição, onde iremos encontrar o Neuchatel Xamax.

RF: Quais são em seu entender, e neste momento, os principais candidatos ao título de campeão suíço?
DdC: O Basileia, o FC Zurich, o Young Boys e o FC Lucerna.

RF: Tem dupla nacionalidade, e certamente como qualquer outro jovem espera um dia jogar ao mais alto nível internacional, isto é, representar uma selecção nacional numa grande competição. No seu caso qual a camisola que mais gostava de vestir, a da Suíça ou a de Portugal? E o porquê dessa sua escolha?
DdC. Portugal, sem dúvida, porque é o país das minhas origens. Gostaria muito um dia jogar em Portugal e mostrar o que valho ao povo português.

RF: Costuma acompanhar o campeonato português?
DdC: Desde pequeno que acompanho todos os anos o campeonato português.

RF: Qual é a opinião que tem sobre ele, e já agora como é que enquanto adepto analisa a actual temporada?
DdC: A liga portuguesa está seguramente entre as 6 melhores da Europa. Sobre esta época o FC Porto tem jogado um futebol muito bonito e muito consistente, com um treinador que me faz lembrar bastante o mítico José Mourinho. O Benfica está a melhorar, mas perdeu muitos pontos na fase inicial da época... pelo que julgo que o Porto vai acabar por ser campeão.

RF: Já disse que gostava de jogar em Portugal. Em tom de provocação, tem alguma preferência?
DdC: O meu sonho sempre foi jogar pelo FC Porto, o meu clube desde pequeno. Aliás, com 17 anos o meu pai levou-me a Portugal para treinar durante uma semana com a equipa “b” do Porto. Mas infelizmente acabei por não ficar. Contudo, sei que jogar por um grande de Portugal não é fácil, ainda para mais para alguém que vem da Superliga da Suíça. Por isso não me importava de jogar numa equipa mais pequena para poder ter mais oportunidades e mostrar o que valho.
Mas claro que o meu sonho é jogar pelo FC Porto, embora também saiba que como profissional nunca poderia dizer que não a outro clube grande.

RF: Voltando ao passado e à sua infância, quem foi o seu ídolo das balizas?
DdC: O meu ídolo sempre foi o Vítor Baía

RF: E para terminar esta conversa, qual é para si o actual melhor guardião do Mundo?
DdC: É difícil escolher apenas um, mas... talvez Manuel Neuer pelo talento, Gigi Buffon pela personalidade, e Edwin Van der Sar pelo carisma.