Envolvido em mais um dos escândalos que ciclicamente abalam a sua estrutura profissional de futebol, o Sporting vivia esta semana um dos seus mais importantes momentos desportivos dos últimos anos. E se a direcção deixou ficar mal a equipa, a equipa não deixou ficar mal os adeptos. Um grande jogo que começou em Sá Pinto e terminou nos seus homens, perante uma equipa que deixou para trás – categoricamente – o Manchester United e o Schalke 04, e que vinha rotulada de mini-Barça, tal a qualidade e profundidade do seu futebol ofensivo.
Em noventa minutos, aquilo que se viu foi um Sporting superior em mais de uma hora de jogo, com um carrossel avassalador nos minutos finais da contenda. O Athletic viu uma grande oportunidade de golo esbarrar no poste, e uma meia oportunidade que soube converter em golo. Manchas únicas na performance do Sporting, mas podiam ter dado outra face à partida. Já os de Alvalade, à semelhança do que já tinham feito frente ao Benfica, criaram mais de uma mão cheia de oportunidades claras de golo, e revelaram mais uma vez pouca eficácia, com um denominador comum de nome holandês.
O que é certo é que – e ao contrário de anos anteriores – em dois jogos decisivos, o Sporting rubricou duas potentíssimas exibições, e ficou a dever a si mesmo a goleada no marcador. E contra o Bilbao, foi de tal forma superior que nem a arrogância da imprensa espanhola chegou para escamotear a sorte dos bascos por ainda alimentarem o sonho da final. Mas fica claramente a ideia que só não temos Sporting na final se o Sporting não quiser.
Mas os adeptos também não deixaram ficar mal a equipa, criando no estádio uma fantástica atmosfera de apoio que atemorizou os jogadores bascos. Mais que isso, lembrou a morte de um adepto do Bilbao na eliminatória anterior, e exibiu uma faixa em sua memória, entregando-a no final do jogo à torcida adversária. Por momentos, em Alvalade ouviram-se as palmas dos adeptos do Athletic, enquanto gritavam “Sporting”.
Para quem esteve lá, foi diferente e arrepiante, fazendo-nos esquecer as manobras de fundo e devolvendo-nos a razão pela qual nos apaixonámos pelo jogo.
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