Falemos então dos vários momentos de jogo que tão bem caracterizam este Fenerbahce.
Organização defensiva
No que toca à organização defensiva da equipa turca podemos afirmar que o Fenerbahce alinha num sistema de 4-2-3-1 conforme podem constatar na imagem acima. Um bloco alto e compacto com o meio-campo bem preenchido faz com que os turcos não permitem muito espaço às equipas adversárias no corredor central. Sow e Kuyt preocupam-se essencialmente com as tarefas ofensivas e acabam por descurar a equipa em termos defensivos. Face a isto é normal ver Meireles a compensar a falta de disciplina táctica dos homens mais ofensivos.
O trio da frente é um trio pressionante e é bastante comum ver o Fenerbahce a recuperar a bola no seu meio-campo ofensivo fruto desta pressão alta que os homens mais dianteiros exercem.
Uma marcação à zona na primeira fase de construção da equipa contrária mas à medida que a equipa contrária sobe no terreno a agressividade e a pressão intensificam-se.
Transição defensiva
As grandes debilidades do Fenerbahce são expostas neste capítulo. Face à elevada exposição ofensiva que a equipa apresenta, devido à subida dos seus laterais e ao facto de jogar com 4 homens de características ofensivas (Cristian, Sow, Kuyt e Webó) faz com que a equipa demore a recuperar neste capítulo. Ziegler e Gokhan sobem muito mas nem sempre sobem pela certa e isso faz com que defensivamente a equipa fique muito exposta a transições rápidas por parte das equipas adversárias.
Organização ofensiva
Em processo ofensivo é habitual vermos o 4-2-3-1 a transfigurar-se em diferentes variantes tácticas, ou seja, é possível afirmar que estamos presente um falso 4-2-3-1. A equipa turca privilegia muito mais a posse de bola do que as transições rápidas. O ataque organizado é a forma mais habitual de vermos o Fenerbahce tentar chegar à área adversária. Um futebol cauteloso com o meio-campo a procurar lateralizar o jogo.
Um dos movimentos mais preferidos é a subida dos laterais, Ziegler na esquerda e Gokhan na direita. Na esquerda o suíço muitas das vezes ocupa a posição de Sow e torna-se um extremo-esquerdo devido às diagonais do senegalês. O lateral-esquerdo opta muito mais por cruzamentos do que o seu companheiro do lado direito que apesar de não cruzar tantas vezes dá mais largura e profundidade ao flanco, apoiando Kuyt.
Meireles, Sahin e Cristian compõem o trio do meio-campo com o português a ter tarefas mais de contenção. Sahin a fazer a ligação entre o meio-campo defensivo e o meio-campo ofensivo e Cristian a afigurar-se com o médio mais criativo e consequentemente com mais liberdade. Existe também a possibilidade de Topal jogar em vez de Sahin fazendo com que Meireles suba no terreno para assumir as tarefas de Sahin e com Topal a fazer de médio de contenção.
Cristian aparece muitas das vezes entre linhas para receber a bola vinda de Meireles e Sahin para que depois possa decidir e procurar as faixas laterais nomeadamente Kuyt e Sow.
Sow, Kuyt e Webó promovem muitas das vezes trocas posicionais, essencialmente Sow que a jogar na esquerda procura sempre movimentos interiores acabando por destabilizar a defensiva adversária e permite a Ziegler subir mais no terreno. Sow é sem dúvida o jogador a ter em conta porque a sua liberdade pode causar alguns desequilíbrios e desconcentrações defensivas.
Transição ofensiva
A transição ofensiva da equipa turca é feita essencialmente através das suas faixas. Assim que a equipa vislumbra espaços deixados pelos seus adversários, procura colocar a bola nas suas faixas, mais concretamente nas costas da equipa adversária. Esta tarefa recai sobretudo nos homens do meio-campo com Cristian a assumir o papel de construtor e a ser quem mais procura Sow e Kuyt para explorar a velocidade destes dois extremos ou em último caso Webó. Também Gokhan e Ziegler incorporam algumas vezes esta manobra ofensiva devido às suas capacidades ofensivas e a facilidade de desdobramento ofensivo.
Bolas paradas
Ofensivas
No que toca a bolas paradas ofensivas podemos verificar que o Fenerbahce procura a zona do 2º poste para que haja um desvio para o centro da área com Topal ou Korkmaz a serem os alvos de referência de Cristian nos pontapés livres ou então a outra opção passa por sair a jogar curto na tentativa de desmontar a defesa adversária. Em relação aos cantos ofensivos, existe um homem na pequena área e os restantes a partirem da zona limite da grande área para atacar a bola de frente.
Defensivas
Relativamente a bolas paradas defensivas podemos verificar que o Fenerbahce opta por uma marcação à zona, um pouco à imagem daquilo que o Benfica faz. Um homem na primeira zona e com os restantes a formarem uma linha para definir a marcação à zona.
Golos
Marcados - Dos 16 golos marcados na Liga Europa temos de destacar a veia goleadora de Kuyt e Cristian, ambos com 3 golos. O Fenerbahce é uma equipa que procura as faixas laterais daí que seja natural Kuyt ser um dos melhores marcadores da equipa turca na Liga Europa. Muitos dos golos surgiram após o envolvimento dos laterais no processo ofensivo que resulta muitas das vezes em superioridade numérica em situações atacantes.
Sofridos – Dos 9 golos sofridos na Liga Europa podemos verificar que existe um padrão. Sofreram alguns golos no jogo aéreo, jogadas de combinação no corredor central e exploração do espaço deixado pelos laterais.
Este fim-de-semana o Fenerbahce perdeu frente ao Genclebirligi por 2-0 com o primeiro golo a ser marcado através de uma falha defensiva num lance de bola parada, com o homem do Genclebirligi a aproveitar o canto da sua equipa e a aparecer no espaço deixado entre entre dois jogadores do Fenerbahce na zona do primeiro poste, foram eles Webó e Yobo. O segundo jogo surge de uma transição rápida por parte do Genclebirligi onde o finalizador aparece entre Gokhan e Yobo após um cruzamento da direita.
Análise individual
Gokhan -trata-se de um lateral direito muito competente. dá largura e profundidade ao flanco direito no apoio a Kuyt.
Ziegler - é um lateral-esquerdo muito ofensivo e que compensa muitas das vezes o facto de Sow procurar zonas mais interiores através das suas diagonais. Opta muitas das vezes por cruzamentos longos à procura de Webó. Na imagem podemos ver o raio de acção do lateral suíço na vitória do Fenerbahce por 2-0 frente à Lázio.
Meireles - é um elemento preponderante na transição defensiva da equipa pela sua cultura táctica e pela forma inteligente como lê o jogo, conseguindo compensar algumas falhas posicionais. Do ponto de vista de transição ofensiva opta sempre por jogar pelo seguro seguindo as ideias gerais da equipa
Kuyt - é dos jogadores mais experientes desta equipa e ao mesmo tempo aquele que mais pode causar desequilíbrios à defesa do Benfica. Imprevisível do ponto de vista técnico. É comum partir para cima do defesa e procurar Webó através de cruzamentos, isto sempre com o apoio de Gokhan ou então procura movimentos mais interiores para dar espaço à subida do seu lateral.
Sow - leva 15 golos no campeonato turco e é sem dúvida o jogador a ter mais em conta. as suas constantes movimentações podem originar situações complicadas para a defesa encarnada. por vezes junta-se a Webó no ataque deixando a faixa entregue a Ziegler. Na imagem podemos ver o raio de acção de Sow na vitória do Fenerbahce por 2-0 frente à Lázio.
Nota: Esta análise foi feita com base no software Video Observer
3 comentários:
Análise excelente!
Muito obrigado.
Brutal artigo
Enviar um comentário