quarta-feira, 24 de abril de 2013

BOLA AO MEIO: Análise Fenerbahce



O Benfica joga esta quinta-feira, dia 25 de Abril, contra o Fenerbahce no jogo da 1ª mão das meias-finais da Liga Europa. A viagem à Turquia terá complicações adicionais pelo simples facto dos turcos terem perdido este fim-de-semana frente ao Genclebirligi por 2-0, situando-se neste momento a 4 pontos do 1º lugar, Galatasaray, e tem o Besiktas 7 pontos atrás no 3º posto Isto implica que o Fenerbahce deseja canalizar as suas forças a final da Liga Europa como um objectivo concreto depois do elevado investimento que fez este ano com inúmeras contratações sonantes.

Falemos então dos vários momentos de jogo que tão bem caracterizam este Fenerbahce.

  


Organização defensiva




No que toca à organização defensiva da equipa turca podemos afirmar que o Fenerbahce alinha num sistema de 4-2-3-1 conforme podem constatar na imagem acima. Um bloco alto e compacto com o meio-campo bem preenchido faz com que os turcos não permitem muito espaço às equipas adversárias no corredor central. Sow e Kuyt preocupam-se essencialmente com as tarefas ofensivas e acabam por descurar a equipa em termos defensivos. Face a isto é normal ver Meireles a compensar a falta de disciplina táctica dos homens mais ofensivos.

O trio da frente é um trio pressionante e é bastante comum ver o Fenerbahce a recuperar a bola no seu meio-campo ofensivo fruto desta pressão alta que os homens mais dianteiros exercem.

Uma marcação à zona na primeira fase de construção da equipa contrária mas à medida que a equipa contrária sobe no terreno a agressividade e a pressão intensificam-se.

Transição defensiva


As grandes debilidades do Fenerbahce são expostas neste capítulo. Face à elevada exposição ofensiva que a equipa apresenta, devido à subida dos seus laterais e ao facto de jogar com 4 homens de características ofensivas (Cristian, Sow, Kuyt e Webó) faz com que a equipa demore a recuperar neste capítulo. Ziegler e Gokhan sobem muito mas nem sempre sobem pela certa e isso faz com que defensivamente a equipa fique muito exposta a transições rápidas por parte das equipas adversárias.


Organização ofensiva

 


Em processo ofensivo é habitual vermos o 4-2-3-1 a transfigurar-se em diferentes variantes tácticas, ou seja, é possível afirmar que estamos presente um falso 4-2-3-1. A equipa turca privilegia muito mais a posse de bola do que as transições rápidas. O ataque organizado é a forma mais habitual de vermos o Fenerbahce tentar chegar à área adversária. Um futebol cauteloso com o meio-campo a procurar lateralizar o jogo.

Um dos movimentos mais preferidos é a subida dos laterais, Ziegler na esquerda e Gokhan na direita. Na esquerda o suíço muitas das vezes ocupa a posição de Sow e torna-se um extremo-esquerdo devido às diagonais do senegalês. O lateral-esquerdo opta muito mais por cruzamentos do que o seu companheiro do lado direito que apesar de não cruzar tantas vezes dá mais largura e profundidade ao flanco, apoiando Kuyt.

Meireles, Sahin e Cristian compõem o trio do meio-campo com o português a ter tarefas mais de contenção. Sahin a fazer a ligação entre o meio-campo defensivo e o meio-campo ofensivo e Cristian a afigurar-se com o médio mais criativo e consequentemente com mais liberdade. Existe também a possibilidade de Topal jogar em vez de Sahin fazendo com que Meireles suba no terreno para assumir as tarefas de Sahin e com Topal a fazer de médio de contenção.

Cristian aparece muitas das vezes entre linhas para receber a bola vinda de Meireles e Sahin para que depois possa decidir e procurar as faixas laterais nomeadamente Kuyt e Sow.

Sow, Kuyt e Webó promovem muitas das vezes trocas posicionais, essencialmente Sow que a jogar na esquerda procura sempre movimentos interiores acabando por destabilizar a defensiva adversária e permite a Ziegler subir mais no terreno. Sow é sem dúvida o jogador a ter em conta porque a sua liberdade pode causar alguns desequilíbrios e desconcentrações defensivas.
 

Transição ofensiva

A transição ofensiva da equipa turca é feita essencialmente através das suas faixas. Assim que a equipa vislumbra espaços deixados pelos seus adversários, procura colocar a bola nas suas faixas, mais concretamente nas costas da equipa adversária. Esta tarefa recai sobretudo nos homens do meio-campo com Cristian a assumir o papel de construtor e a ser quem mais procura Sow e Kuyt para explorar a velocidade destes dois extremos ou em último caso Webó. Também Gokhan e Ziegler incorporam algumas vezes esta manobra ofensiva devido às suas capacidades ofensivas e a facilidade de desdobramento ofensivo.

Bolas paradas

Ofensivas

No que toca a bolas paradas ofensivas podemos verificar que o Fenerbahce procura a zona do 2º poste para que haja um desvio para o centro da área com Topal ou Korkmaz a serem os alvos de referência de Cristian nos pontapés livres ou então a outra opção passa por sair a jogar curto na tentativa de desmontar a defesa adversária. Em relação aos cantos ofensivos, existe um homem na pequena área e os restantes a partirem da zona limite da grande área para atacar a bola de frente. 





Defensivas


Relativamente a bolas paradas defensivas podemos verificar que o Fenerbahce opta por uma marcação à zona, um pouco à imagem daquilo que o Benfica faz. Um homem na primeira zona e com os restantes a formarem uma linha para definir a marcação à zona. 



Golos

Marcados - Dos 16 golos marcados na Liga Europa temos de destacar a veia goleadora de Kuyt e Cristian, ambos com 3 golos. O Fenerbahce é uma equipa que procura as faixas laterais daí que seja natural Kuyt ser um dos melhores marcadores da equipa turca na Liga Europa. Muitos dos golos surgiram após o envolvimento dos laterais no processo ofensivo que resulta muitas das vezes em superioridade numérica em situações atacantes.


Sofridos – Dos 9 golos sofridos na Liga Europa podemos verificar que existe um padrão. Sofreram alguns golos no jogo aéreo, jogadas de combinação no corredor central e exploração do espaço deixado pelos laterais.

Este fim-de-semana o Fenerbahce perdeu frente ao Genclebirligi por 2-0 com o primeiro golo a ser marcado através de uma falha defensiva num lance de bola parada, com o homem do Genclebirligi a aproveitar o canto da sua equipa e a aparecer no espaço deixado entre entre dois jogadores do Fenerbahce na zona do primeiro poste, foram eles Webó e Yobo. O segundo jogo surge de uma transição rápida por parte do Genclebirligi onde o finalizador aparece entre Gokhan e Yobo após um cruzamento da direita.



Análise individual

Gokhan -trata-se de um lateral direito muito competente. dá largura e profundidade ao flanco direito no apoio a Kuyt.
 

Ziegler - é um lateral-esquerdo muito ofensivo e que compensa muitas das vezes o facto de Sow procurar zonas mais interiores através das suas diagonais. Opta muitas das vezes por cruzamentos longos à procura de Webó. Na imagem podemos ver o raio de acção do lateral suíço na vitória do Fenerbahce por 2-0 frente à Lázio.

Meireles - é um elemento preponderante na transição defensiva da equipa pela sua cultura táctica e pela forma inteligente como lê o jogo, conseguindo compensar algumas falhas posicionais. Do ponto de vista de transição ofensiva opta sempre por jogar pelo seguro seguindo as ideias gerais da equipa

Kuyt - é dos jogadores mais experientes desta equipa e ao mesmo tempo aquele que mais pode causar desequilíbrios à defesa do Benfica. Imprevisível do ponto de vista técnico. É comum partir para cima do defesa e procurar Webó através de cruzamentos, isto sempre com o apoio de Gokhan ou então procura movimentos mais interiores para dar espaço à subida do seu lateral.

Sow - leva 15 golos no campeonato turco e é sem dúvida o jogador a ter mais em conta. as suas constantes movimentações podem originar situações complicadas para a defesa encarnada. por vezes junta-se a Webó no ataque deixando a faixa entregue a Ziegler. Na imagem podemos ver o raio de acção de Sow na vitória do Fenerbahce por 2-0 frente à Lázio.

Nota: Esta análise foi feita com base no software Video Observer