domingo, 20 de abril de 2014

Taça de Portugal: Que formato?


Recentemente tem havido alguma discussão em torno do formato das meias-finais da Taça de Portugal, disputadas a duas mãos, ao contrário do que acontece nas restantes eliminatórias, e também do que ocorria em anos anteriores a 2009.
             
Num debate entre apocalípticos e integrados, os primeiros criticam o atual modelo, afirmando que agora se torna difícil verificar-se o ‘fator surpresa’ que celebrizou a competição. Os integrados, nos quais me incluo, defendem que duas mãos só ajudam a credibilizar os finalistas, que serão os mais legítimos possíveis, podendo corrigir um acidente de percurso na primeira mão, com uma reviravolta na segunda.

Numa prova com tantos anos de história, e que garante um lugar nas competições europeias, é imprescindível que os seus finalistas sejam os mais credíveis possíveis, para manter o prestígio e embelezar o encontro decisivo.

Há seis anos que FC Porto e Sporting não se defrontam numa final. Há dez que águias e dragões não disputam o troféu no Jamor. E mais gritante, há dezoito (!) que não temos o grande derby de Lisboa no Estádio Nacional. Sobretudo os últimos dois vencedores, apesar do engenho, beneficiaram de vários acidentes de percurso sem que uma correção fosse possível.

Em Espanha, em que as eliminatórias são disputadas a duas mãos, assistimos a Real Madrid – Barcelona nas últimas quatro edições, sendo que dois desses duelos foram na final. Protege-se o mérito, mas não se invalida as surpresas.

No nosso país, em que tanto se diz que há o gosto de ver o clube da província contra um grande numa tarde de sol, e esperar que a surpresa aconteça, até se protege os clubes de maior dimensão. Os da Segunda Liga entram em cena apenas na 2ª eliminatória, e os da Primeira Liga na 3ª. Basicamente, duas rondas em que os tão desejados tomba-gigantes não podem aparecer.

Soluções? Seguir o modelo brasileiro. As equipas entram todas em ação desde o início da competição (à exceção das que participam na Copa Libertadores). Todas as rondas são a duas mãos, mas as primeiras duas têm um aliciante especial: O sorteio não é puro, há cabeças de série, e obriga a que os grandes visitem os pequenos na primeira mão. No entanto, se os clubes teoricamente mais fortes cumprirem com o seu favoritismo e vencerem por dois ou mais golos, evitam jogar em casa o jogo da segunda mão.

Obrigar-se-ia os maiores clubes a visitarem os de reduzidíssima dimensão, o que poderia originar surpresas, mas a duas mãos (se necessário, tal como o modelo brasileiro), para que o vencedor da eliminatória fosse o mais justo possível. É lindo de imaginar uma equipa dos distritais, apenas com jogadores amadores, a tentar adiar a decisão para um Estádio da Luz, Alvalade ou Dragão. Seguindo a lógica dos jogos em casa e fora, esta temporada, por exemplo, teríamos assistido a mais um Sporting – Benfica.

Onde encontrar espaço no calendário? Acabar com a Taça da Liga, que para além do pouco esforço federativo e dos participantes em ser credibilizada, tem o condão de trazer imensas ocorrências problemáticas.

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