sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Özil: uma mudança para a afirmação

Prodígio em Gelsenkirchen, príncipe em Bremen, herói incompreendido em Madrid e, seguramente, rei em Londres: numa mera linha de texto poderia-se resumir a carreira de um dos jogadores mais geniais do nosso tempo: Mesut Özil. Neste verão, o alemão, como indiciei no título, rumou a outras paragens, mais propriamente ao Arsenal, por valores a rondar os 50 M€. Apesar de tal montante significar a maior venda da história dos "merengues" (mas também o emblema espanhol carateriza-se mais pelas compras), suou a pouco, principalmente pela valia do criativo de 24 anos (é o jogador com maior número de assistências na Europa nas derradeiras temporadas) e pela forma como o mercado esteve demasiado inflacionado (ao ponto de Fernandinho chegar ao Man. City por 40M€). Mas, enfim, o futebol nem sempre beneficia os seus melhores intérpretes.


O "mago de Öz", descendente de turcos, nasceu em Gelsenkirchen, em 15 de outubro de 1988, começando a jogar no clube mais reputado da terra: o Schalke 04. Nos "mineiros", revelou-se um autêntico talento em bruto, pronto a "lapidar" e a ser, no futuro, uma das referências da seleção da Alemanha. Porém, a aventura nessas hostes terminou de forma abrupta, após desentendimento prolongado com a direção, o que o levou a rumar ao Werder Bremen, órfão de Diego (transferido para a Juventus) e que necessitava urgentemente de um novo "10". Nesta segunda etapa na carreira, o médio-ofensivo assumiu-se, finalmente, como príncipe, sendo a estrela do "Werder" e um dos melhores da Bundesliga. Foi com este epíteto que chegou ao Mundial de 2010, realizado na África do Sul, onde defendeu as cores da Mannschaft (negou a Turquia, apesar de ser uma possibilidade). Nessa Copa, Özil correu e fez correr; jogou e fez jogar, tornando-se num dos destaques da equipa orientada por Löw, auxiliando-a a atingir o terceiro lugar (foram eliminados pela Espanha, 0-1, nas "meias", vencendo de seguida o Uruguai, por 3-2). Após o fecho da prova, o Real Madrid reforçou-se nesse mesmo conjunto, contratando-o a si (por apenas 15 M€, devido ao facto de o seu contrato com o Werder Bremen estar próximo de findar) e ao seu companheiro Khedira (também uma das figuras da competição, foi resgatado ao Estugarda). E José Mourinho, entretanto chegado ao Santiago Bernabéu, não se coibiu de dar a titularidade ao mago alemão, preterindo mesmo Kaká, que fora comprado pelos "galáticos" um ano antes por mais de 60 M€. Com tal pressão, seria natural a quebra de forma do ex-Werder Bremen que, paralelamente, garantia o lugar "ao sol" na seleção germânica. Porém, Özil fez-se rogado: mostrou ser um jogador acima da média, transformando-se numa das figuras principais do mais titulado emblema de Espanha. Com o técnico português, Mesut era titular, a "10" ou, determinadas vezes, derivando para as alas; apontava golos mas, acima de tudo, deixava os outros brilharem, realizando uma inumerável quantidade de assistências. Porém, estranhamente, o germânico nunca conseguiu recolher unanimidade em Madrid, ficando pior aquando da saída de Mourinho, que verdadeiramente apostara nele. Carlo Ancelotti sucedeu ao luso e o "mago de Öz" perdeu espaço no plantel, devido às recentes contratações de Isco e de Bale. Perante isto, o novo camisa "11" optou pela saída, rumando ao Arsenal.


Agora, nos "gunners", Özil pode, finalmente e de forma merecida, ser rei, algo que lhe foi rejeitado no Real Madrid devido à coexistência de Cristiano Ronaldo. A transferência do alemão foi inteligente, pois ruma a um destino onde ainda deve aprender muito (Wenger é especialista neste ponto), será a estrela mais cintilante e, em princípio, assumir-se-à como um dos melhores do mundo (o facto de ter CR7 como companheiro dificulta sempre os intentos). Quanto aos de Emirates, movimentaram-se pessimamente no mercado (todos os alvos escaparam para outras paragens) até ao último dia, em que se reforçaram com um jogador fantástico: Özil (apesar de tudo faltou um "trinco" e alguns defesas de calibre mundial).

O futebol (e o Arsenal) precisam de um jogador ao mais alto nível, de um "maestro" capaz de pautar o jogo ofensivo das equipas que representa, de um fora de série com capacidade de levar a equipa "às costas", de mudar as incidências de uma partida de um momento para o outro: esta busca incessante já acabou, Özil é esse jogador.

Artigo partilhado por Golo de Placa (golodeplaca.blogspot.com)

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