Ronaldo. Por estes dias é este o nome mais ouvido na boca dos portugueses e sobretudo dos media. A poucos dias do pontapé de saida contra a Alemanha por aqui se começam a perceber as incertezas que pairam à volta da selecção.
Apito final na Luz. Na ida para o balneário da seleção Ronaldo já sabe que dias o esperam depois da derrota frente à seleção turca. Não acredito que Ronaldo se sinta comprometido depois de um jogo pouco conseguido. A pressão passa lhe ao lado, pelo menos pelo que provou ao longo da carreira. Desde as expectativas iniciais em Manchester com a sua chegada aos 18 anos não tendo um impacto imediato esperado, aos duros golpes como a derrota na final do Euro 2004, passando pelo caso "Rooney" ou pela difícil primeira temporada em Madrid, Ronaldo sempre mostrou ser um profissional enorme. Na sua carreira, falta-lhe no entanto a coroação na seleção nacional.
Quando entrar em campo no Sábado, certamente será o mesmo de sempre. Com arrancadas, com alguns abusos em lances individuais, e sobretudo, com um ritmo que poucos na seleção têm. Pedir a Ronaldo que jogue o mesmo que no Real Madrid é uma falsa questão. Não existem duas equipas iguais, não existem dois momentos iguais.
Falta, e não é de agora, uma identidade à seleção portuguesa. O 4x3x3 que se impôs desde a saída de Deco não basta para dizer que a equipa, agora às ordens de Paulo Bento, tenha uma verdadeira identidade. Nem me parece que tivesse no tempo de Scolari, onde, sobretudo no Euro 2004, viveu muito de um conjunto de jogadores campeão europeu pelo Porto, mas também da personalidade de Figo, Couto, Costinha ou Rui Costa.
Olhamos para a seleção nos dois jogos de preparação antes do Euro. A equipa parece querer viver das arrancadas de Ronaldo e Nani, captando a bola entrada do meio-campo adversário. No meio-campo, Moutinho, Micael ou Meireles têm dificuldades em organizar. Esbarrando em lances de 1x1 ou em defesas fechadas, a bola circula para trás ou para o lado, com subidas de Coentrão sobretudo. Circulação lenta, com Ronaldo e Nani em ponto de mira para um desequilibrio individual.
Olhando mais para trás, o jogo amigável com a Espanha terá sido talvez um episódio raro de verdadeira identidade. 4x3x3, momentos de pressão alta, defesa, meio-campo e ataque me ligação, a poucos metros, com Moutinho e Meireles como ligação entre sectores e a defesas a subir em posse.
Mas esta forma de jogar perdeu-se nos jogos seguintes: contra a Argentina pouco saiu bem, apesar de alguns pormenores, depois, contra adversários que se mantinham mais recuados, deixou de fazer sentido jogar assim... perdeu-se a identidade, o ritmo, o jogo português esbarrou na falta de um organizador que faça a bola circular rápido, de um 9 que crie espaços e finalize...
Por tudo isto, até que ponto não terá sido otimo um grupo com Alemanha e Holanda? Portugal pode voltar a respirar o melhor futebol, com identidade. Se assim for, acredito na passagem, sem dúvida.
quarta-feira, 6 de junho de 2012
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário