Segurança, dinâmica e velocidade. São estes os três adjectivos que caracterizam a melhor exibição que Portugal fez neste Europeu e coloca-nos nos quartos-de-final onde iremos defrontar a República Checa.
A armada lusitana entrou contida no jogo e toda a expectativa inicial transformou-se numa situação complicada uma vez que a laranja mecânica mostrou desde logo para o que ia, tinham de vencer para se apurarem e entraram num 4x1x3x2. Os holandeses carregaram e chegaram mesmo ao golo inaugural por intermédio de Van der Vaart onde a equipa das quinas mostrou grande dificuldade em suster a pressão inicial dos holandeses. Portugal reagiu da melhor maneira e chegou ao empate depois de uma grande jogada de entendimento entre Nani, Moutinho e João Pereira onde o lateral-direito soube aproveitar o facto de Postiga ter arrastado a marcação consigo e ver Ronaldo a entrar nas costas da linha defensiva que através de um passe de morte colocou Cristiano na cara de Stekelemburg para fazer o empate.
A equipa capitaneada por Ronaldo conseguiu ter o boost de confiança que tanto necessitava e a partir dos 28 minutos tomou conta do jogo e esteve sempre por cima dos holandeses. Contudo, antes do golo do empate foram várias as oportunidades para Portugal empatar com o capitão da equipa lusa a enviar uma bola ao poste, assim com Postiga e Meireles a desperdiçarem boas oportunidades. Um golo surge sempre em boa altura mas este golo catapultou a equipa para uma exibição mais sólida e confiante que permitiu encarar o jogo de outra forma e partir para a vitória e a exibição de gala.
Portugal procurava explorar, essencialmente as laterais com as subidas de Coentrão e João Pereira para apoiarem Ronaldo e Nani, respectivamente. Futebol de alta rotação com transições fortes e rápidas.
Veio o intervalo com o 1-1 no marcador, com a combinação de resultados do Portugal - Holanda e do Dinamarca - Alemanha que também se encontrava empatado a uma bola, Alemanha e Portugal estariam apurados para os quartos-de-final. Holanda tinha mais posse de bola mas Portugal era quem tinha qualidade da posse de bola como comprovam as inúmeras oportunidades criadas ao longo da 1ª parte.
Sem mexidas ao intervalo, foi assim que Paulo Bento decidiu abordar a 2ª parte do encontro. Com oportunidades de parte a parte, sendo as mais clamorosas para Portugal, foi assim que se iniciou o que viriam a ser os últimos 45 minutos no Europeu 2012 da actual vice-campeã Mundial. Uma grande inter-ajuda e solidariedade defensiva permitiu a Portugal agarrar o empate e sonhar em algo mais. A identidade de jogo manteve-se e Portugal continuou a criar boas ocasiões através das transições rápidas. A Holanda tentou encontrar todos os caminhos para a baliza defendida por Rui Patrício mas deparavam-se sempre com o mesmo problema, Pepe, imperial nos processos defensivos da equipa e não só!
Aos 64 minutos, Paulo Bento decidiu refrescar o ataque dando nova oportunidade ao jovem Nélson Oliveira que viria para servir de referência de ataque numa altura em que a Holanda carregava mais e que Portugal podia aproveitar num contra-ataque para matar o jogo. O sacrificado foi Hélder Postiga que saiu de rastos muito pelo trabalho invisível que teve ao abrir espaços para Ronaldo e Nani poderem aparecer em zonas de finalização.
Com a subida no terreno por parte dos holandeses e com a lesão e fadiga de Meireles, Paulo Bento apresentou a primeira alteração táctica nesta partida, ao lançar em campo Custódio. O triângulo do meio-campo acabou por ser invertido com Miguel Veloso e Custódio na frente da defesa e Moutinho com mais liberdade para definir as jogadas e integrar o ataque.
Ao minuto 74, Pepe (sempre o mesmo) interceptou um passe à entrada da grande área portuguesa e lançou rápido o contra-ataque para Ronaldo que deu curto a Moutinho para este lateralizar o jogo para Nani que virou tudo para Ronaldo que novamente na cara do guarda-redes holandês ainda teve tempo para sentar Van der Wiel e fazer o 2-1.
Até ao fim, quando se avizinhava que a Holanda subisse no terreno e pressionasse ainda mais criando ocasiões de golo foi exactamente ao contrário. Até ao final do encontro, Portugal teve nos pés de Nani e na cabeça de Nélson Oliveira a oportunidade bem merecida, por sinal, de ampliar a vantagem, algo que acabou por não se verificar.
O resultado final foi de 2-1 para Portugal que mostrou grande concentração e solidez defensiva, uma boa dinâmica e fluidez na saída de bola por parte do meio-campo e velocidade na execução e pensamento por parte dos homens mais adiantados.
Há motivos para acreditar nesta selecção que com humildade e união terá reunidas todas as condições para bater a República Checa. Uma selecção sem grandes individualidades, à excepção de uma ou outra elemento mas com grande espírito de sacrifício e bons tacticamente.
Depois da desgraça surgem sinais muito positivos daquilo que Portugal poderá vir a fazer este Europeu. Não se pode pedir uma equipa de controle de tempos e espaços mas sim uma equipa de rápidas transições fruto de ter Ronaldo e Nani nas alas que podem decidir um jogo a qualquer momento.
Hoje houve Ronaldo, houve Portugal, houve festa em Kharkiv! Muito Portugal para pouca Holanda. A selecção comandada por Marwijk acabou por ser a desilusão deste Europeu ao ir para casa mais cedo sem qualquer ponto.
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