domingo, 24 de junho de 2012

BOLA AO MEIO: Duelo ibérico



Meia-final do Europeu 2012, 27 de Junho, 19:45, Paulo Bento contra Vicente Del Bosque, Portugal contra Espanha. Serão estas as palavras que correrão o Mundo nos próximos dias.
Lado a lado, duas das melhores Selecções da actualidade. Portugal procura o seu primeiro título oficial e para isso conta com jogadores de grande qualidade, em especial, com o seu capitão, Cristiano Ronaldo, para muitos considerado o melhor jogador do Mundo. Do outro lado do campo estará a poderosa Espanha que conta com 4 títulos oficiais. Actual campeã europeia e mundial junta a estes dois títulos outro Campeonato da Europa vencido em 1964, em Espanha, batendo por 2-1, na final, a União Soviética e uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 1992, em Barcelona, com Guardiola na equipa titular que na final bateu a Polónia por 3-2.
De ambos os lados a dúvida reside nos pontas-de-lanças. Espanha poderá alinhar com um falso ‘9’ e nesse caso o escolhido será Fàbregas que em vez de estar no espaço irá procurar espaços. Um pouco diferente de Fernando Torres, já que o jogador do Chelsea serviria mais para ser a referência da ‘Roja’. Para trás, o jogo seria pensado da mesma forma, a única variável seria o homem mais adiantado. Fàbregas oferece outra dinâmica que Torres não presenteia e pode trabalhar os espaços para jogadores com Silva e Iniesta aparecerem em zonas de finalização.
Com lesão de Postiga, muito se tem falado nos últimos dias sobre quem é que renderá o avançado oriundo de Vila do Conde. A aposta de Paulo Bento durante o embate frente à República da Checa recaiu sobre Hugo Almeida mas existe Nélson Oliveira, dois bons jogadores mas com funções em campo completamente diferentes.
Se pensarmos numa fórmula mágica para anular esta Espanha, em primeiro devemos pensar na saída de bola espanhola e circulação da mesma. O processo ofensivo dos espanhóis começa, desde logo, em Casillas passando posteriormente por Piqué e Sergio Ramos, ou seja, Espanha incorpora todos os seus jogadores no seu processo ofensivo ao contrário de grande parte das equipas. O jogo começa a ser pensado a partir da defesa e é nesse sentido que uma aposta no avançado do Benfica seria vista com bons olhos. Nélson Oliveira teria a capacidade para pressionar a saída de bola e obrigaria os centrais a pensarem e a jogaram rápido, algo que poderia ser bastante benéfico para Portugal se depois soubesse tirar partido através de transições rápidas. Outra das ideias, passaria pela colocação de Hugo Almeida como referência portuguesa, de forma a prender os centrais e a linha defensiva, fazendo com que estes não subissem tanto no terreno e não encurtassem os espaços, isto é, Espanha teria que jogar com mais largura e não iria apresentar um bloco compacto.  
Como podem ver, existem opções válidas para qualquer das alternativas. Nélson Oliveira conduziria a que Piqué e Ramos jogassem mais rápido e poderia provocar erros, Hugo Almeida obrigaria a que a Selecção Espanhola não jogasse tão junta e Portugal poderia depois, aproveitar os espaços que seriam deixados nas entrelinhas para explorar os contra-ataques.
Paulo Bento terá este primeiro dilema para resolver, já que esta temática afigura-se como essencial para o encontro que se avizinha.
Outro dos problemas com que Portugal se irá deparar na quarta-feira, será a ocupação de espaços, nomeadamente, no meio-campo. Veloso, Moutinho e Meireles terão um trabalho desgastante mas, no entanto, bastante útil. Terão pouca bola, é certo, e por isso deverão saber ocupar bem os espaços com especial atenção para Veloso que deverá saber anular as diagonais interiores que os espanhóis fazem muitas das vezes em busca de espaços. Existia ainda a possibilidade de Portugal apresentar-se com Veloso e Custódio como duplos-pivots mas, nesse caso, Moutinho seria o único jogador do meio-campo capaz de progredir com a bola e criar situações de contra-ataque. Muito curto para uma Selecção que do outro lado conta com Xavi, Xabi Alonso e Busquets.
Paulo Bento não deverá fazer muitas alterações, para não quebrar com o entrosamento já alcançado por estes elementos. O técnico luso deverá, sim, alterar a filosofia de jogo. Portugal terá poucas vezes a bola mas quando a tiver, será importante ter uma boa qualidade da posse de bola e sermos criteriosos na definição de jogadas. Um passe errado pode deitar tudo a perder.
A solução passa por apresentar o mesmo esquema táctico, mas com um bloco mais compacto de forma a não proporcionar espaços vazios à ‘Roja’, caso contrário, eles não perdoarão. Em suma, bloco junto, pressão, intensidade, concentração, ocupação de espaços e muita garra. Serão estes os ingredientes para bater Espanha. Assim que Portugal recuperar a bola terá de ter capacidade para sair pelas laterais e aproveitar as subidas, em falso, de Arbeloa e Jordi Alba para depois Ronaldo e Nani apoiados por Coentrão e João Pereira desequilibrarem e levarem Portugal à final.
Quarta-feira, dia 27 de Junho, pelas 19:45, Paulo Bento já terá dito a todos os jogadores que iremos ganhar o jogo e iremos elevar bem alto o nome desta nação. O último confronto entre estas duas Selecções, teve um desfecho de 4-0 para a equipa das quinas que numa grande demonstração de carácter, atitude e demonstração de garra, Portugal mostrou que era possível bater esta Espanha.
Esperamos todos nós, que o desfecho seja idêntico ao do último jogo!

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