Como diria Jorge Valdano, eis que chega o mês em que «todos
os dias são domingo». Nada melhor que começar por enunciar a frase que tão
fielmente espelha a essência do Mundial. Arranca o sonho. A ilusão ganha vida
nas botas que desfilam sobre a relva dos 'gramados', e a procura do 'hexa' tem
início por parte da selecção da casa. A copa das confederações parece ter
despertado o gigante adormecido e elevado o temível Brasil ao estatuto de
favorito a nova conquista do Olimpo futebolístico. Primeiro passo? Levar de
vencida a Croácia.
Pouco rígida do ponto de vista táctico, com uma defesa
frágil pese embora a experiência dos seus elementos, e uma equipa talentosa do
meio-campo para a frente. Assim se define a Croácia de Niko Kovac, - chamado a
assumir o comando à entrada para o 'play-off' frente à Islândia - que não foge
ao paradigma habitual daquilo que tem exibido enquanto nação independente.
Escalonada em 4x2x3x1, peca pela fraca organização no sector
defensivo, que estará órfão de Josip Simunic durante a competição. O capitão do
Dínamo de Zagreb foi punido pela “FIFA” devido a cânticos alusivos a um
movimento croata pro nazi em novembro. Assim, como opções para auxiliar Corluka
no eixo, surgem Domagoj Vida e Lovren. Ausência também confirmada – porém
apenas para o confronto com o Brasil - é a do ex-Sporting Daniel Pranjic, que
sofreu uma entorse no joelho esquerdo e só estará recuperado para o confronto
com a selecção dos Camarões. Na manobra
defensiva, é comum ver os extremos descerem para auxiliar os seus colegas de
ala, algo que será essencial para menorizar estragos face à qualidade dos
flanqueadores brasileiros.
Sem que se destaquem pelo grande atrevimento
ofensivo, das laterais, importa salientar a qualidade de Srna nesse mesmo
capítulo. No entanto, é também pelo meio que a Croácia poderá ter problemas, -
sobretudo se a equipa se encontrar balanceada no ataque – atendendo a dois
factores:
1 - Fraca capacidade táctica que origina naturalmente vários desequilíbrios.
2 - Embora possua três bons elementos naquele espaço (Modric, Rakitic e Kovacic), nenhum deles é um “6” puro, e a excessiva liberdade de que gozam também origina demasiados espaços. Apesar de serem jogadores com capacidade para vir buscar jogo atrás e que fecham bem, não há um elemento que não seja tão primoroso em termos técnicos e mais eficiente no que ao desarme e à destruição de jogo diz respeito. Badelj, na plenitude das suas condições físicas, seria uma importante peça.
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Por Afonso Canavilhas
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