A propósito do encontro que colocou frente a frente o Twente e o Sporting, ditando a passagem dos leões ao Play-off de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões, muitos comentários foram tecidos relativamente à “forma” que a equipa demonstrou ontem em campo.
De facto, o conjunto leonino apresentou-se cansado, apático, lento… Enfim, com um ritmo competitivo bastante abaixo daquilo que seria de esperar nesta fase da pré-temporada.
Contudo, existe uma explicação para esta situação se verificar:
Se olharmos para o percurso do Sporting, quer a nível de campeonato, quer a nível de qualificação para a Liga dos Campeões, percebemos que, desde 2005/2006, altura em que Paulo Bento assumiu o comando técnico em Alvalade, a equipa se mantém no segundo lugar da Superliga. Esta classificação tem permitido, portanto, ao plantel verde e branco o acesso directo à fase de grupos da Liga Milionária (que inicia a “actividade competitiva” por volta de meados de Setembro). No entanto, este ano, devido à redução do número de lugares disponíveis para as equipas portuguesas nas competições europeias, o Sporting CP teve disputar uma pré-eliminatória e ainda terá pela frente um “Play-off”.
À primeira vista, este facto parece ser pouco relevante, mas olhando para os dados apresentados com um pouco mais de atenção, torna-se claro que o calendário de pré-época leonino sofreu uma reviravolta considerável: Em vez de começar a competir por volta de dia 16 de Agosto, para a Liga Sagres, o conjunto verde e branco teve de encurtar e reorganizar a sua preparação porque as suas competições oficiais iniciaram-se cerca de duas semanas mais cedo.
É verdade que os responsáveis pela equipa já sabiam, desde o final do campeonato, que este ano seria diferente e que o início do período competitivo viria mais cedo do que o “habitual”. No entanto, é preciso não esquecer que, em termos de comando técnico de equipas seniores, o Sporting foi o primeiro e único clube que Paulo Bento conheceu. Portanto, este contexto competitivo e de planeamento da época são também novos para o Mister de Alvalade. A gestão do esforço e das cargas aplicadas, bem como do tempo de recuperação do atletas, ganha esta época contornos totalmente diferentes, pois é necessário, em muito menos tempo, preparar e dar ritmo à equipa, sem, contudo, desgastar demasiado os jogadores.
Daí que se verifique que o seu conjunto esta temporada pareça mal preparado e atrasado em relação aos outros. Na verdade, tudo não passa de uma inadaptação às novas circunstâncias por parte de toda a equipa.
Não estou com isto a querer desculpar a exibição pouco conseguida do Sporting durante o encontro de ontem. Estou apenas a alertar para as possíveis razões que podem estar na base de parte do “insucesso” exibicional sportinguista.
Como é usual no nosso país, toda a gente é capaz de apontar o dedo, mas ninguém consegue explicar ou pelo menos justificar porque é que as falhas acontecem. Só conhecendo a origem do problema é que podemos procurar resolvê-lo. De outra forma continuamos a andar em círculos afirmando “algo está mal”!
Se continuarmos com esta atitude não haverá progresso!