A importância de ser Mourinho

José Mourinho tem-nos feito sentir orgulhosos em ser portugueses, de uma maneira geral. E tal feito deve-se à sua inegável capacidade de construir uma equipa, modelá-la, motivá-la e, acima de tudo, fazê-la vencedora. Foi assim que deu 3-0 ao Sporting, na sua efémera passagem pelo Benfica; foi assim que teve uma época fantástica ao serviço da União de Leiria; foi assim que agarrou numa mediana equipa
e a transformou no melhor FC Porto que Portugal viu nos últimos 20 anos, sendo capaz de vencer dois campeonatos, duas taças, uma Taça UEFA e uma Liga dos Campeões. Seguiu para o Chelsea, ofereceu-lhes o primeiro título na Premier League em mais de 50 anos, partiu para o Inter de Milão e fez a afamada tripla: Scudetto, taça de Itália e Liga dos Campeões.

E é por tudo isto que Mourinho faz notícia por… não ganhar. O Real deste ano enfrenta dois grandes problemas: em primeiro lugar, e não obstante as grandes actuações da equipa madrilena – senão recorde-se a goleada magistral de ontem infligida ao Málaga por 7-0 -, o Real tem tido alguns desafios em manter o seu onze unido nas horas de maior aperto. Prova disso foi a pesada derrota de Mourinho e companhia frente ao Barcelona. E é esse mesmo o segundo problema dos merengues: o Barça.

A equipa catalã tem mostrado um futebol do melhor gabarito das últimas décadas e só alguma hecatombe lhes tirará o título este ano. Pode parecer precipitado, mas a verdade é que os dois problemas que se colocam na frente do melhor treinador do mundo não serão nada fáceis de resolver. O valor de Mourinho é absolutamente indiscutível, mas o contexto actual não o favorece. O grande desafio para o técnico nacional é simplesmente o de segurar o barco e fazê-lo chegar a bom porto, como já tantas vezes fez.