sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Último reduto: Hipócritas e modestos


Numa semana em que o melhor português a jogar à bola recebeu mais uma distinção espanhola – depois de marcar o 16º golo em 14 jogos na liga vizinha – parece-me apenas justo dedicar-lhe algumas linhas. A ele e aos compatriotas que preferem invejá-lo.
Afinal o que tem Cristiano Ronaldo para ser motivo de crítica de tantos, os mesmos que se sentam à frente do televisor para o ver dar o litro a cada domingo? Não foi assim com Eusébio, nem com Damas ou com Chalana, também não com Futre nem Rui Costa, e muito menos com Figo. Num país onde a auto-estima se arrasta pelos cantos, os grandes do futebol português têm, ao longo dos anos, transportado consigo o orgulho e o apoio do povo. Mas a Ronaldo tudo é apontado: desde as mulheres aos negócios, do seu aspecto aos luxos que ostenta.

Quão hipócritas conseguimos ser ao julgar um rapaz de 26 anos que tem o mundo a seus pés? Quantos de nós evitaríamos descansar sobre os louros, desistir da profissão e desfrutar do resto da vida?
Como podemos apontar os carros e as casas que compra, ou as férias que faz, se são pagos do seu bolso?
Ganha muito? A culpa será dele ou da indústria do futebol? E as nossas críticas serão mais que pura inveja?
Quantos teriam a sua preserverança e determinação em ser o melhor a cada dia, merecendo elogios de todos os que com ele trabalham?
Que mal traz ao mundo ser-se bimbo, quando se o é de forma tão assumida?
E se gozamos Ronaldo e a sua família, o que diríamos se ele a tivesse substituído pela fama e pelo dinheiro?

A História encarregar-se-á de fazer justiça e trazer saudade de quem, em constante provação tem mostrado ser – sob qualquer espécie de análise – o único a chegar ao nível do Pantera Negra. Mesmo no espaço da Selecção, onde muitos apontam o dedo ao sub-rendimento de Cristiano, é difícil encontrar outro jogador que corra tanto, mesmo quando as coisas não correm bem. Ou quem carregue mais nos seus ombros o peso inteiro do fim da “Geração de Ouro”.
Num mundo de invejas e de falsas modéstias, parece-me que nos custa cada vez mais ver quem é bom naquilo que faz, e sobretudo ouvir quem se assume como tal.

Uma última nota para o “derby” de Sábado: de salutar o regresso da competitividade aos duelos da Segunda Circular. Mais felizes os da Luz, mas incapazes de disfarçar o muito suor necessário para levar de vencido um Sporting que fez mais do que o suficiente para merecer o empate. Temos Liga.

1 comentário:

Kardec disse...

Concordo a 200%. O ronaldo é o maior e faz por isso. Estranho é verem jogadores acomodados a receberem balúrdios. Até parece que esses é que estão bem. É como o Mourinho. Mas deve ser por serem portugueses. Se fossem espanhóis andavam todos ao colo com eles. só que até nisto somos pequeninos que atacamos os nossos em vez de os defendermos.