Numa semana em que o melhor português a jogar à bola recebeu mais uma distinção espanhola – depois de marcar o 16º golo em 14 jogos na liga vizinha – parece-me apenas justo dedicar-lhe algumas linhas. A ele e aos compatriotas que preferem invejá-lo.
Afinal o que tem Cristiano Ronaldo para ser motivo de crítica de tantos, os mesmos que se sentam à frente do televisor para o ver dar o litro a cada domingo? Não foi assim com Eusébio, nem com Damas ou com Chalana, também não com Futre nem Rui Costa, e muito menos com Figo. Num país onde a auto-estima se arrasta pelos cantos, os grandes do futebol português têm, ao longo dos anos, transportado consigo o orgulho e o apoio do povo. Mas a Ronaldo tudo é apontado: desde as mulheres aos negócios, do seu aspecto aos luxos que ostenta.Quão hipócritas conseguimos ser ao julgar um rapaz de 26 anos que tem o mundo a seus pés? Quantos de nós evitaríamos descansar sobre os louros, desistir da profissão e desfrutar do resto da vida?
Como podemos apontar os carros e as casas que compra, ou as férias que faz, se são pagos do seu bolso?
Ganha muito? A culpa será dele ou da indústria do futebol? E as nossas críticas serão mais que pura inveja?
Quantos teriam a sua preserverança e determinação em ser o melhor a cada dia, merecendo elogios de todos os que com ele trabalham?
Que mal traz ao mundo ser-se bimbo, quando se o é de forma tão assumida?
E se gozamos Ronaldo e a sua família, o que diríamos se ele a tivesse substituído pela fama e pelo dinheiro?
A História encarregar-se-á de fazer justiça e trazer saudade de quem, em constante provação tem mostrado ser – sob qualquer espécie de análise – o único a chegar ao nível do Pantera Negra. Mesmo no espaço da Selecção, onde muitos apontam o dedo ao sub-rendimento de Cristiano, é difícil encontrar outro jogador que corra tanto, mesmo quando as coisas não correm bem. Ou quem carregue mais nos seus ombros o peso inteiro do fim da “Geração de Ouro”.
Num mundo de invejas e de falsas modéstias, parece-me que nos custa cada vez mais ver quem é bom naquilo que faz, e sobretudo ouvir quem se assume como tal.
Uma última nota para o “derby” de Sábado: de salutar o regresso da competitividade aos duelos da Segunda Circular. Mais felizes os da Luz, mas incapazes de disfarçar o muito suor necessário para levar de vencido um Sporting que fez mais do que o suficiente para merecer o empate. Temos Liga.
1 comentário:
Concordo a 200%. O ronaldo é o maior e faz por isso. Estranho é verem jogadores acomodados a receberem balúrdios. Até parece que esses é que estão bem. É como o Mourinho. Mas deve ser por serem portugueses. Se fossem espanhóis andavam todos ao colo com eles. só que até nisto somos pequeninos que atacamos os nossos em vez de os defendermos.
Enviar um comentário