sábado, 26 de dezembro de 2009

“Quem dá mais?”

Em declarações ao Globo Esporte, o preseidente da UEFA, Michel Platini, afirmava: “Penso que o Brasil é o favorito para ganhar o Mundial, mas a França vencerá o torneio se se cruzar com o Brasil”. Um comentário no mínimo infeliz, tendo em conta as recentes polémicas em torno do apuramento da formação gaulesa e a posição de destaque que ocupa no mundo do futebol.
Após a fase de Play-off, várias foram as personalidades desportivas e adeptos que demonstraram a sua indignação perante o apuramento gaulês. Todos os esforços para repor a justiça foram, no entanto ignorados pelas instâncias maiores do futebol.
Posto isto, a França partirá para a África do Sul no próximo Verão e a comitiva Irlandesa terá que assistir a tudo pela televisão. Não porque não tenham lutado ou feito o suficiente, mas porque mais uma vez ficou a dúvida… Mais uma vez parece que a verdade desportiva não passa de um mito. Um mito manipulado pela FIFA…
Situações como esta fazem-me crer que tudo é possível. Fazem acreditar que quem chega a um Mundial não são só os melhores, mas também os mais “espertos”, os mais “matreiros”. Alcançar hoje uma fase final do Mundial não é uma questão de mérito, mas uma questão de lucros e marketing. “Quem dá mais?”, este podia ser mesmo o lema da próxima fase de qualificação para uma competição organizada pelo Organismo Máximo do Futebol Mundial.
É de facto revoltante constatar o desprezo pelo empenho de atletas, treinadores, dirigentes… demonstrado por Blatter e Platini. É inaceitável ver que os valores deportivos estão subordinados ao preço de cada um. É incrível saber que a Irlanda não estará no próximo Mundial, porque “não dava jeito” repetir o encontro. Porque a França irá, sem dúvida, chamar mais adeptos…
Enfim, este cenário é triste e indigno do verdadeiro espírito desportivo, mas ainda assim parece ser motivo para Platini brincar com a situação. Um homem que representa o futebol europeu (todas as nações do “Velho Continente” e não apenas a França) deveria entristecer-se com esta situação, procurar remediá-la, e não realizar comentários que ainda lhe podem trazer dissabores. Deveria ainda ter em atenção que a posição que ocupa requer imparcialidade. O presidente da UEFA não é francês, é EUROPEU.

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