segunda-feira, 5 de março de 2012

Espaço 1904: Lições do clássico

Já aqui tinha falado da falta de capacidade do Benfica para ganhar em jogos chave e a partida de sexta-feira deu-me razão. É assim desde que Jorge Jesus assumiu o comando da equipa e mesmo se a determinada altura o treinador se mostrou capaz de aprender com alguns erros do passado, afinal nada mudou. O Benfica continua a ser uma equipa a apresentar quase sempre um futebol espectacular contra adversários mais frágeis mas pouco consistente contra equipas do mesmo nível ou nível superior. 

É difícil compreender a forma como a equipa de Jorge Jesus desperdiça este match point. Depois de o FC Porto ser afastado das competições europeias e concentrar todas as atenções no campeonato, seria fundamental manter a vantagem do ponto de vista psicológico. Dada a vantagem em termos físicos de jogarem apenas uma vez por semana, a eliminação teria peso na moral dos azuis-e-brancos e agravar-se-ia se o Benfica tivesse sido capaz de manter a vantagem pontual, ou pelo menos o primeiro lugar. Aliás, o FC Porto fez muito bem isso na época passada. Ao vencer em Braga manteve os 8 pontos que então tinha de vantagem. Nessa altura o Benfica mantinha uma excelente série de vitórias mas percebeu que dificilmente os portistas vacilariam, e daí para a frente toda a gente sabe como foi.


Agora os encarnados fizeram tudo ao contrário. Perdem 5 pontos em duas jornadas e injectaram moral numa equipa goleada e eliminada das competições europeias e a apresentar um futebol muito pobre internamente. Havia a possibilidade de corrigir essa situação mas mais uma vez faltou estofo. 


Admito que não previa este desfecho. O Benfica jogava em casa, sem bolas de golfe, sem pedras no autocarro, sem desculpas. Era futebol na relva e ganhava o melhor e este Porto de Vitor Pereira nunca se exibiu ao nível atingido pelo Benfica em alguns momentos. O melhor Benfica seria mais forte que o melhor Porto, continuo convencido disso. A diferença está no facto de o Benfica de Jesus não ser capaz de manter a frieza exigível nos momentos certos.
A forma como a equipa não foi capaz de segurar o 2-1 é preocupante. O Benfica chegou à vantagem logo no inicio da segunda parte e o FC Porto não esboçou qualquer reacção até aos encarnados perderem a bola num ataque de quatro para dois, abrirem um corredor na zona central e permitirem um lance pouco comum em futebol profissional, um jogador correr 60 metros com bola e fazer golo.


Haverá, obviamente, mérito do FC Porto, sobretudo pela mentalidade e pela ambição de ter sempre jogado para ganhar. Admite-se também ter havido influência da equipa de arbitragem. Não se pode ignorar o erro grosseiro no terceiro golo portista. Ainda assim esperava-se mais deste Benfica, a jogar em sua casa contra uma equipa muito longe da qualidade evidenciada noutros anos. É com os seus erros e da sua equipa que Jorge Jesus se deve preocupar agora e aprender para o futuro. Sim, eu ainda acredito que o JJ é capaz de aprender, nunca é tarde demais.
 

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