Tal como havia sido anunciado na última semana, inicia-se hoje a rubrica "Ainda se lembra", na qual recordamos as figuras que marcaram a história mundial do futebol. E para a estreia nada melhor que um jogador, que por si só também deu a conhecer ao mundo futebolístico, uma nova forma de festejar um golo.
O Início da Carreira
José Roberto Gama de Oliveira, nascido a 16 de Fevereiro de 1964, em Salvador da Bahía, deu-se a conhecer ao futebol como Bebeto, no Vitória local corria o ano de 1982. Daí até se transferir para o Flamengo, clube do coração passou apenas um ano, onde chegou com a missão de substituir um tal de Zico, que acabava de se transferir para a Udinese de Itália. O primeiro ano não podia ter corrido pior, tricampeão brasileiro em 1983, o Mengão lançou Bebeto ainda jovem e encerrou a temporada futebolística sem qualquer título conquistado, e como se isso não fosse suficientemente mau, o campeão acabou por ser o rival Fluminense. Para Bebeto o pior estaria reservado para fora dos relvados, já que a queda de um avião viria a provocar a morte do seu irmão, mas também a do guarda-redes do Flamengo Figueiredo. Em 1986 conquistou o seu primeiro título ao vencer o campeonato carioca frente ao Vasco da Gama, mas foi no ano seguinte que Bebeto finalmente singrou no clube, ao apontar vários golos, entre os quais o único com que o Flamengo derrotou o Internacional de Porto Alegre na final do Brasileirão. O triunfo foi histó
rico já que pela primeira vez uma equipa tornava-se tetracampeã brasileira, por esta altura Zico tinha regressado de Itália e integrava uma formação, que contava ainda com as jovens promessas, Leonardo, Zinho, Renato Gaúcho, entre outros.
A mudança para o Vasco e a saída para a Europa
A notícia deixou os adeptos do Flamengo à beira de um ataque de nervos, quando em 1989, Bebeto anunciou a sua saída para o Vasco da Gama, mas a troca não se traduziu em títulos e só em 1992 é que os vascaínos voltaram a celebrar, com a conquista do campeonato carioca, mas ironia das ironias no Brasileirão acabariam por ser eliminados pelo....Flamengo, que acabaria por vencer a prova. Bebeto teve de se contentar com o prémio de melhor marcador do campeonato. Este feito fez despertar a cobiça de vários clubes europeus, entre os quais o Deportivo da Corunha, para onde se transferiu juntamente com Mauro Silva. É caso para dizer que Bebeto chegou, viu e marcou, ao todo foram 29 os golos, que lhe deram novo troféu de melhor marcador.
A temporada seguinte foi uma das mais marcantes para o jogador brasileiro, mas também para o Depor, no campeonato mais dramático de sempre a formação galega e o Barcelona terminaram com os mesmos pontos, mas foram os blaugrana a festejar pela diferença de golos. Certamente todos se recordam da grande penalidade falhada por Djukic no último minuto do jogo frente ao Valência, que teria dado o campeonato ao Corunha. Em 1995, Bebeto celebrava a primeira conquista em terras espanholas ao vencer a Taça do Rei, frente ao mesmo Valência por 2-1. Em 1996 e já com 32 anos o número 7 brasileiro voltava à terra natal, levando no currículo o feito de melhor marcador da história do clube da Galiza.
O prenúncio do fim
Após sete anos de futebol europeu, Bebeto regressava ao seu país, para aquilo que seria um autêntico ping-pong entre clubes. Em 1996 o Flamengo voltou a recebe-lo, mas os adeptos não esqueceram a traição de 89 e a interacção entre jogador e a torcida não voltou a ser a mesma. O Mengão acabou por não superar as expectativas e Bebeto acabou por ser o alvo de todas as críticas. 1997 trouxe o seu regresso a Espanha, desta vez ao Sevilha, mas a experiência foi de tal forma negativa, que no mesmo ano voltou para o clube que o viu nascer para os pontapés na bola, o Vitória, ganhou o campeonato baiano, mas isso não o impediu de sair para o Cruzeiro, ainda com esperanças de poder actuar pela selecção brasileira. 1998 trouxe a mudança para o Kashima Antlers do Japão, que era treinado pelo ex-colega de equipa Zico onde ganhou o campeonato. Em 2002 assinou um contrato milionário com o Al-Ittihad, da Arábia Saudita, só que as más condições físicas dos já 38 anos levaram-no a ser dispensado e nessa altura decidiu pendurar as chuteiras.
Percurso na Selecção
Bebeto chegou à Canarinha em 1985, e já levava no palmarés um título de campeão mundial de sub-20, conquistado dois anos antes. Ficou fora do México 86, mas viu o seu esforço ser recompensado com a chamada à selecção olímpica de 1988, e foi aí que a dupla Bebeto-Romário começou a fazer furor, no entanto os dois não foram suficientemente fortes, para triunfar perdendo na final contra a antiga União Soviética. Teve então uma ausência de seis anos do escrete, já que uma lesão o afastou do Itália 90, sendo chamado apenas para os E.U.A 94, na altura estava em alta no Deportivo da Corunha. O seu primeiro golo em fases finais de um mundial, aconteceu nos oitavos de final frente à formação anfitriã. No entanto a partida de destaque seria a eliminatória seguinte frente à Holanda. Naquele que foi considerado o melhor jogo do Torneio, Bebeto, isolado por Aldaír fintou o guarda-redes holandês fazendo o 2-0, mas o especial esteve na comemoração, um embalar nos braços de um bebé lançou uma maneira inovadora de comemorar os golo, recorrente nos dias de hoje. A explicação de Bebeto foi simples, festejou daquela forma devido ao nascimento durante o Mundial do seu filho Matheus. Nos Jogos Olimpícos de Atlanta, Bebeto marcou seis golos, três dos quais apontados contra Portugal, no jogo de atribuição da medalha de bronze conquistada pelos brasileiros. O França 98 trouxe uma nova dupla com Ronaldo, tendo feito ainda três golos, a final perdida contra a selecção gaulesa, colocou um ponto final na sua ligação ao Brasil, com 34 anos de idade.
Actualmente
Em 2010, Bebeto iniciou-se na carreira de treinador aos comandos do América do Rio de Janeiro, tendo sido no entanto demitido logo no mês de Fevereiro, encontrando-se sem clube. Ao longo de toda a carreira, fez um total de 352 jogos tendo passado por onze clubes e marcado por 179 ocasiões, foi chamado 88 vezes à selecção brasileira onde apontou 52 golos. Para além disso conta no seu palmarés com onze títulos nacionais e outros sete ao serviço do Brasil. A nível individual foi eleito o melhor jogador Sul-americano em 1989, e Bola de Prata em 1992, além de ter sido por sete vezes o goleador máximo dos campeonatos por onde passou, destacando-se os 29 golos na sua passagem pelo Deportivo da Corunha.