quarta-feira, 6 de agosto de 2008

O Novo Desafio de Mourinho

O futebol já não podia esperar mais. Após a saída do Chelsea, José Mourinho manteve-se numa espécie de período sabático, à espera de um convite tentador e de um novo desafio para a sua carreira. Surgiu o Inter de Milão, tri-campeão italiano, um clube de elite, uma equipa poderosa e a certeza de um nível de exigência máximo. Depois de ganhar tudo no FC Porto e de transformar o Chelsea numa equipa de topo, eis que o melhor treinador do mundo, chega a Itália, a pátria do futebol táctico por excelência, onde todos os melhores estrategas ambicionam trabalhar.

O efeito-Mourinho já se começou a fazer sentir em terras transalpinas e, goste-se ou não da sua personalidade, ninguém lhe consegue ficar indiferente. Técnicos de renome como Fábio Capello e Cláudio Ranieri já sentiram na pele a língua aguçada de 'Il Speciale'. O primeiro, actual seleccionador inglês (não deve ser fácil para um homem tão conceituado ser segunda escolha...), afirmou que o técnico português não tem nada a ensinar aos italianos e que se trouxer um por cento de novidades já será muito. Mourinho, ao seu estilo, não perdeu tempo e respondeu: "Quem pensa que sabe tudo é ignorante". Mais recentemente, Ranieri, técnico da Juventus, atacou Mourinho, afirmando que, ao contrário dele, não precisa de vencer para estar seguro do que faz. A reacção foi cáustica e demolidora: "Ranieri venceu pouco e está velho para mudar de mentalidade". Já todos conhecem Mourinho, ele é assim, arrogante, convencido, e tem um ego do tamanho do Giuseppe Meazza, mas a verdade é que não foi ele que deu o mote para estas guerras de palavras. Quem ousar atacá-lo, já sabe aquilo que pode esperar. Não é seguramente um exemplo de simpatia ou cordialidade, mas é frontal, diz o que pensa e é viciado em vitórias. Gosto disso!

É inegável que a Série A terá um encanto diferente na temporada que se aproxima. É algo que se pressente. A presença de Mourinho é um assinalável ganho qualitativo para o futebol italiano, já de si habituado a treinadores excepcionais. Depois de um longo período a perder notoriedade para as ligas inglesa e espanhola, talvez a liga italiana volte a ser entusiasmante e possamos vibrar com os grandes clássicos do 'Calcio' como acontecia há uns anos atrás. A luta pelo 'scudetto' será imperdível e Inter, AC Milan, Juventus e AS Roma perfilam-se como os principais candidatos à sua conquista.

O Milan contratou Ronaldinho para juntar às estrelas Kaká, Pato, Pirlo, Seedorf, Nesta ou Maldini, e talvez ainda volte ao mercado para adquirir um avançado de créditos firmados. A Juventus renasce das cinzas e conta com jogadores do gabarito de Del Piero, Nedved, Trezeguet, Amauri ou os nossos Jorge Andrade (a contas com nova lesão grave) e Tiago. A Roma continua a impor respeito e, embora não esteja na primeira linha das apostas, pode sempre surpreender, contando para isso com o fantástico Totti, mas também com Juan, Mexés, Riise, De Rossi ou Aquilani. Tudo equipas de qualidade magnífica que tentarão destronar o Inter do pedestal interno em que Roberto Mancini o colocou. Até por isso a missão de José Mourinho é espinhosa. Os 'nerazzurri' ganharam tudo o que havia para ganhar a nível nacional e a ambição dos responsáveis interistas passa agora, obviamente, por vitórias internacionais, ou por outras palavras, vencer a Liga dos Campeões. Em concreto, Mourinho está 'obrigado' a renovar o título italiano e a ser campeão europeu. Nada que tire o sono a um homem acostumado a grandes desafios, índices extremos de pressão e a lidar com os melhores do mundo. Acredito que terá sucesso nesta nova etapa da sua vida desportiva.

No que diz respeito ao plantel, poucas mexidas houve, persistindo apenas algumas dúvidas quanto aos elementos a dispensar e na entrada ou não do portista Ricardo Quaresma. Olhando para o panorama actual, um extremo é mesmo uma necessidade no plantel do Inter, para além de um médio criativo, na minha perspectiva, embora pareça que Quaresma é mesmo a única situação pendente. A avaliar pelos jogos de pré-época, Mourinho implementará um modelo de jogo próximo do que utilizou nas épocas de estreia no FC Porto e no Chelsea, assente no sistema 4-3-3. Neste contexto, Figo e Mancini são claramente curtos para as alas e reforçar essa zona com a contratação de mais um extremo não será de desprezar. Por outro lado, o meio-campo, apesar de constituído por nomes acima de qualquer suspeita, parece-me algo carente de criatividade e imaginação (Stankovic é o único que disfarça), razão pela qual considero que a compra de um médio cerebral seria uma boa medida. Sabe-se, no entanto, que em Itália não se dá primazia aos médios criativos por excelência, mas sim aos que garantem a dupla função ataque-defesa com a mesma eficiência. Daí que a aposta em Muntari, uma espécie de segunda versão de Essien, faça todo o sentido e tenha tudo para se revelar acertada.

Opções não vão faltar a José Mourinho, que vai poder fazer uma gestão equilibrada dos recursos humanos de que dispõe, procedendo à rotatividade tão do seu agrado e dando resposta ao calendário apertado que enfrentará. Referenciando as principais, vislumbram-se: Júlio César e Toldo para a baliza; Maicon, Javier Zanetti (também pode ser médio), Burdisso, Córdoba, Samuel, Materazzi, Chivu e Maxwell para a defesa; Vieira, Cambiasso, Pelé, Dacourt, Muntari e Stankovic para o meio-campo; Figo, Mancini, Ibrahimovic, Adriano, Balotelli, Julio Cruz e Crespo para o ataque. Note-se que o plantel continua a ser excessivamente numeroso e que algumas dispensas vêm a caminho, porventura até de alguns nomes que atrás mencionei. Em 4-3-3 e tendo em consideração que não assisto aos treinos do Inter nem lido diariamente com os jogadores, o meu onze-base seria: Júlio César; Javier Zanetti, Burdisso, Chivu, Maxwell; Vieira, Muntari, Stankovic; Figo, Ibrahimovic, Mancini. E o seu?

8 comentários:

Anónimo disse...

Atão cá vai o meu 'dream team':

Júlio César; Maicon, Córdoba, Chivu, Maxwell; Cambiasso, Muntari, Zanetti; Ibrahimovic, Mancini, Julio Cruz.

Anónimo disse...

Pessoal, hoje joga esta equipa:

Júlio César; Maicon, Córdoba, Chivu, Maxwell; Muntari, Cambiasso, Zanetti, Stankovic; Mancini, Ibrahimovic.

Anónimo disse...

Muito bom artigo. Acho que o José Mourinho, ou Zé Mouro para os amigos, vai ter sucesso em Itália e vai calar os engraçados como Ranieri e Capello. Se vai acrescebtar 1 ou 10 ou 50 por cento não sei, mas que vai somar mais uns títulos para o seu palmarés, disso não tenho dúvidas.

O meu onze para a temporada: Júlio César; Maicon, Burdisso, Córdoba, Chivu; Cambiasso, Muntari, Stankovic; Figo, Adriano, Ibrahimovic.

Anónimo disse...

mto bem escrito bruno...o meu onze é de caras este...FRANCESCO TOLDO;MAICON;CORDOBA;SAMUEL;CHIVU;VIEIRA;CAMBIASSO;MUNTARI;IBRAHIMOVIC;ADRIANO E MANCINI;


NUNO DIAS

Anónimo disse...

http://vermelho--directo.blogspot.com/



http://vermelho--directo.blogspot.com/


http://vermelho--directo.blogspot.com/



MAI NADA

Anónimo disse...

toldo,maicon,cordoba,samuel e chivu;vieira cambiasso e muntari;ibrahimovic adriano e mancini



nuno

Mil disse...

Júlio César
Maicon
Córdoba
Samuel
Chivu
Muntari
Cambiasso
Figo
Mancini
Ibrahimovic
Adriano

Rui Santos disse...

Acho que o teu comentário está muito bom e objectivo, pecando apenas por uma parte: "Eis que o melhor treinador do mundo chega a Itália". Esta terá de ser a tua opinião pessoal, porque a realidade é bem mais complexa que isso. Neste momento, o campeão europeu é Alex Ferguson. O mesmo que destronou Mourinho há duas épocas atrás. E Mourinho no Chelsea dominou internamente, mas na Europa foi o que se viu. COntudo, respeito a tua opinião. Apenas não concordo.

Em relação ao melhor onze do Inter, a minha escolha recairia em: Júlio César, Maicon, Chivu, Cordoba e Maxwell; Cambiasso, Stankovic e Zanetti; Mancini, Ibrahimovic e Adriano (se estiver mesmo recuperado)