sábado, 19 de maio de 2012

Nossos 23



Na semana que marca o início da preparação para o campeonato europeu da selecção nacional, é inevitável falar dos nomes que compõem o lote dos eleitos de Paulo Bento.

A base da lista estava há muito definida, pese embora nomes como Sílvio (At.Madrid) ou Danny (Zenit) fossem baixas certas para a competição. Rui Patricio, Eduardo, João Pereira, Pepe, Bruno Alves, Rolando, Coentrão, Veloso, Meireles, Martins, Moutinho, Ronaldo, Quaresma, Nani, Postiga e Hugo Almeida, formavam uma base que orientou as ultimas convocatórias da selecção, nos jogos decisivos da conturbada fase de classificação. Entre este primeiro lote, há que destacar o regresso de Moutinho e Quaresma às grandes competições, esquecidos na convocatória para a Africa do Sul por Carlos Queiroz, embora por razões diferentes.

De Joâo Moutinho alías, espera-se o grande momento de afirmação internacional, depois de ter crescido exibicionalmente ao longo das ultímas temporadas ao serviço do Futebol Clube do Porto. Será um dos jogadores portugueses sobre os quais os holofotes irão insidir. Para Moutinho, este é o momento de provar a sua condição como um dos melhores médios de futebol europeu. No meio-campo da selecção, terá em principio funções de organização ofensiva as quais nem sempre assumiu ao longo da carreira, tanto no Porto como no Sporting, deixando os equilibrios defensivos como missão essencial de Raul Meireles.
Ainda no miolo, muito se fala da questão da ausencia do "10", depois das saídas de Deco e Rui Costa da cena internacional. Com um 4x3x3 que explora desiquilíbrios pelas alas e entrada dos médios-interiores nas imediações da área, a necessidade de um verdadeiro organizador de jogo em termos ofensivos pode ser mitigada pelo dinamismo de Moutinho e Meireles, vindos de trás, com capacidade para manter a equipa unida nos vários momentos, mas também gerir o jogo em posse ou lançamentos mais longos para os alas. Do banco, Carlos Martins reforça a ideia da necessidade de chegada à área adversária dos interiores, embora sem nunca assumir o papel de "10".
Outra das grandes questões, talvés mesmo a mais importante entre os 11 que formaram a primeira equipa, prende-se com o papel de Miguel Veloso. O futebol italiano parece ter tornado o ex-Sporting mais agressivo defensivamente, dando-lhe uma intensidade que o limitava em Portugal. O seu jogo vive em muito da capacidade para fazer lançamentos longos, assumindo o jogo com bola como pivot. Com Moutinho e Meireles, tem a protecção defensiva necessária para fazer circular a bola. Com o melhor Miguel Veloso, a selecção pode encontrar um "regista recuado", bem diferente da opção de Carlos Queiroz na África do Sul. O segredo do jogo português poderá passar por aqui: capacidade de recuperação, de saída com bola, e sobretudo potencial para jogar tanto apoiado como em lançamentos mais longos.
Para o meio-campo ainda, Rúben Micael surge como outsider na luta por um lugar. Será sobretudo opção quando a equipa precisar de defender mais atrás, optando por saídas rápidas e individualizadas, onde Micael se destaca desde os tempos de Nacional. Salta à vista a ausencia de Manuel Fernandes e Hugo Viana, depois de excelentes épocas ao nível dos clubes. Quanto a Custódio, será opção como médio-defensivo no sentido mais clássico, embora partindo do banco.

Num outro sector, destaque para as escolas de Miguel Lopes e Ricardo Costa para fechar a defesa. O primeiro esteve em equação até vésperas do mundial africano, depois de uma excelente temporada no Rio Ave. Hoje, parece um jogador mais maduro, depois de algum tempo sem jogar, encontrou em Braga o espaço certo para crescer. Ricardo Costa vale pela polivalencia, sendo que será certamente ultima opção para o eixo, contando também para as contas nas laterais. Cumpre.

Na frente, Ronaldo e Nani assumem-se como provavelmente a melhor dupla de extremos presente na competição. Importante será no entanto, perceber que as suas exibições irão depender em muito do rendimento colectivo. Por isso destaque anteriormente o papel e funções dos médios. Quanto mais próximo da área adversária, sobretudo Ronaldo mas também Nani ou Quaresma, tiverem a bola, mais perigosa será a selecção. Pedir que assumam o jogo desde o meio-campo em condução, será erro crasso que tem limitado o rendimento da nossa selecção nos últímos anos. Do banco, Varela surge como jogador mais vertical, um opção diferente mas com utilidade, até mesmo para um sistema alternativo de 4x4x2 clássico, com Ronaldo mais próximo do ponta-de-lança.
Por últímo, Postiga, Almeida e Nélson Oliveira assumem a responsabilidade na frente. Postiga será, em principio, a opção natural para o jogo de abertura contra a Holanda, pela forma como recua e permite um jogo mais apoiado. Hugo Almeida, é pelas suas características físicas um jogador mais deslocado da realidade da equipa, mas que pode ser importante até porque é, de entre os 3, o homem que mais golos faz. Quanto a Nélson Oliveira, terá de saber lutar pelo seu espaço, tendo de aproveitar os jogos de preparação para mostrar que irá lutar pelo máximo de minutos. Tem potencial para ser um grande avançado, precisa de jogar.

Os dados estão lançados, resta agora esperar por cada uma das três finais que Portugal irá ter de disputar desde o inicio do Euro.










Sem comentários: