Dar de avanço fatal
Ao contrário do que seria esperado, Portugal começou a partida a consentir o domínio de jogo e a posse de bola aos alemães, algo que se viria a revelar fatal. O objectivo idealizado por Scolari era aproveitar o contra-ataque e lançar dessa forma o pânico através dos nossos jogadores mais rápidos para cima dos ‘duros’ centrais alemães, mas a verdade é que raramente Portugal conseguiu apanhar os germânicos em contra-pé. O meio-campo cedeu face ao maior poderio físico alemão, e curiosamente, haveriam de ser os alemães a marcar numa situação de contra-ataque, minutos depois de João Moutinho ter tido uma oportunidade de golo desperdiçada de forma incrível. Podolski avançou pelo lado esquerdo após boa tabela com Ballack e cruzou para a área onde surgiu a ‘besta negra’ Schweinsteiger, que fugiu da marcação de Paulo Ferreira e de primeira bateu Ricardo. Mas o pesadelo ainda só tinha começado. Cinco minutos volvidos, num lance de bola parada, Sweinsteiger (quem mais…) cruzou para a grande área, onde apareceu Klose a surpreender novamente a defesa portuguesa. O maior receio de Portugal era então confirmado: as bolas paradas dos alemães. Mas foi nessa altura que finalmente a selecção nacional conseguiu começar a mostrar os seus pergaminhos, assumindo-se como o dono do jogo (ainda que também de forma consentida pela vantagem que os alemães já tinham), mas só à beira do final da primeira parte conseguiu reduzir, por intermédio de Nuno Gomes, na recarga a um remate de Cristiano Ronaldo. Um tónico para a segunda parte, mas que ia fazendo efeito ainda antes do intervalo, quando o mesmo Ronaldo se esgueirou pelo lado esquerdo do ataque e rematou a razar o poste de Lehman.
Mais do mesmo
A segunda parte, começou como terminou a primeira, com Portugal a ‘empurrar’ a Alemanha para o seu meio-campo, mas sem conseguir penetrar na muralha defensiva. O jogo passou então por um período de maior confronto fisíco, com várias faltas, e Pepe a desperdiçar uma oportunidade incrível para empatar o jogo logo aos 11 minutos da segunda parte. E como quem não marca, normalmente sofre, cinco minutos depois a Alemanha voltava a colocar a diferença no marcador em dois golos. Livre de… Sweinsteiger e Ballack a surgir na cara de Ricardo para fazer o 3-1, com um empurrão a Paulo Ferriera pelo meio que o árbitro não assinalou. A partir daí, a confiança nacional para dar a volta ao resultado foi esmorecendo (também porque os alemães fecharam sempre muito bem o caminho para a sua baliza) e o melhor que se conseguiu foi um golo através do recém-entrado Héder Postiga, a escassos três minutos do finm. Tarde de mais para chegar ao empate, cosnumando-se assim o afastamento ‘prematuro’ da selecção portuguesa.
A avaliação da ‘Futebolista’ (de 1 a 10):
Ricardo (3) – Os alemães disseram que o guardião português era o ‘elo mais fraco’ da equipa, e infelizmente Ricardo fez questão de lhes dar razão. Mais uma derrota com base na sua indecisão na altura de sair dos postes nas bolas paradas, a fazer lembrar a tragédia grega de 2004.
Ricardo Carvalho (6) – Menos activo do que o seu companheiro, mas quando foi chamado a intervir, raramente falhou. E apesar dos golos sofridos, nenhum deles teve influência sua.
Cristiano Ronaldo (4) – Uma desilusão. Quando mais Portugal dependeu do seu génio, do futebol que demonstrou ao serviço do Manchester United, que servisse de inspiração para a equipa e para por em sentido os alemães, acabou por se tornar num dos piores elementos. As fintas não lhe saíram, os remates também não tiveram sucesso e era ele que estava encarregue de marcar Klose no segundo golo, mas deixou-o ir… Na segunda parte quase que nem se deu pela sua presença em campo.
Nuno Gomes (6) – ele bem afirmou que estava com um ‘feeling’ de que iria marcar. Foi insuficiente, é verdade, mas cumpriu. No resto do tempo foi preciosa ajuda nas tabelinhas para perfurar a defesa germânica e questiona-se a razão de ter sido o primeiro sacrificado (Raul Meireles entrou por lesão de Moutinho) quando estávamos a perder por 3-1.
Raul Meireles (5) – Foi chamado de urgência devido à lesão de Moutinho e a verdade é que apesar de ter sido importante para tentar travar a ofensiva alemã, não tem a mesma dinâmica ofensiva nem o mesmo reportório técnico. Errou muitos passes, e apesar de ainda ter tentado compensar com os remates de longe, nunca foi bem sucedido.
Nani (6) – Entrou com muita vontade e acabou por dar um novo fôlego à selecção. Tentou rematar, romper em velocidade e foi dele a jogada e o cruzamento que originaram o 3-2.
Hélder Postiga (5) – Pouco tempo em campo, mas ainda assim suficiente para mostrar que não ‘treme’ nos jogos mais importantes, voltando a contribuir com um golo que se tivesse acontecido mais cedo, ainda poderia ter dado muito mais que falar.
Ficha do jogo:
Estádio: St. Jakob Park, Basileia
Árbitro:Peter Fröjdfeldt (SUE). Auxiliares: Stefan Wittberg (SUE) e Henrik Andrén (SUE).
Equipas
Portugal: Ricardo, Bosingwa, Pepe, Ricardo Carvalho e Paulo Ferreira; João Moutinho (Raúl Meirelles), Petit (Postiga), Deco e Cristiano Ronaldo; Simão e Nuno Gomes (Nani).
Treinador: Luiz Felipe Scolari
Alemanha: Lehmann, Friedrich, Metzelder, Mertesacker e Lahm; Schweinsteiger (Fritz), Ballack, Rolfes e Hitzlsperger (Borowski), Podolski e Klose (Jansen).
Treinador: Joachim Löw
Golos: Schweinsteiger (21 min), Klose (26), Ballack (61); Nuno Gomes (41) e Hélder Postiga (87)
Ao Intervalo: 1-2
Cartões amarelos: Petit, Postiga e Pepe (Portugal); Friedrich e Lahm (Alemanha)
1 comentário:
Desiludida com a derrota. Nuno Gomes? Nani no onze inicial!
Concordo contigo, Deco foi sem dúvida o melhor Português neste Euro 2008.
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