Sporting Clube de Braga. Há muito que este clube iniciou um trajecto de crescimento sustentado. Na última década, graças a excelentes classificações internas e algumas carreiras europeias de relevo, transformou-se num dos emblemas mais importantes do futebol português. Numa realidade que ainda gira em torno de FC Porto, Benfica e Sporting, são bem-vindos clubes como o Braga, que ousam sonhar, empreender e realizar. Sente-se que, mais cedo ou mais tarde, este clube lutará pelo título nacional, o que só trará benefícios a um futebol demasiado concentrado nas amarras dos três colossos.
Para esta temporada foi contratado o treinador Jorge Jesus, vindo de uma magnífica campanha no Belenenses. Analisando o trajecto da equipa até agora, pode dizer-se que não podia ter sido mais certeira a aposta do presidente António Salvador para a liderança técnica da formação arsenalista. A classificação actual na Liga Sagres pode até ser considerada modesta face à qualidade do plantel. Nacional e Leixões detêm o mesmo número de pontos com menores recursos. O que faz deste Braga um caso merecedor de maior destaque é a ambição com que entra em qualquer estádio e a qualidade do futebol que apresenta. Há equipas que conseguem algum sucesso esporádico, baseando o seu modelo de jogo em premissas como defender atrás e explorar o contra-ataque, apostando na qualidade das suas melhores individualidades e tentando jogar no erro do adversário. Ao contrário, a formação bracarense interpreta um modelo de equipa grande. Assume normalmente o jogo diante de qualquer adversário, jogando olhos nos olhos, procurando ter a bola e dominar o mais possível. A forma como o Braga encarou os jogos com os três grandes, bem como o percurso notável que vem realizando na Taça UEFA, não se deve a uma fortuna casual. É antes fruto de uma aposta arrojada por um futebol positivo e com espírito ganhador.
Jorge Jesus, reconhecido como um excelente estratega e muito competente no plano motivacional, procurou dar corpo à ambição dos responsáveis bracarenses e montou um plantel que lhe desse garantias de poder praticar o futebol desejado. Rico em qualidade e quantidade, é talvez o conjunto de jogadores mais equilibrado da nossa liga, sendo que algumas individualidades são de fazer inveja à grande maioria das equipas portuguesas. Sem surpresa, o Braga tem sido aquela que melhor futebol tem praticado, já que, à categoria do seu elenco, se junta um líder técnico apologista do futebol de ataque, que cultiva o futebol apoiado e a beleza estética do jogo.
O sistema táctico adoptado desde o começo foi o 4-4-2 losango, o predilecto de Jesus. Na baliza, o facto de o Braga contar com Eduardo, actual titular da Selecção Nacional, dispensa mais considerações acerca da sua qualidade. Com uma estampa física assinalável, o guardião natural de Mirandela, revela segurança e bons reflexos dentro dos postes, tendo apenas que melhorar, na minha opinião, na hora de sair aos cruzamentos. Os laterais, João Pereira pela direita e Evaldo pela esquerda, constituem uma das principais forças desta equipa. Bons a nível de posicionamento e intensos na marcação (sobretudo o ex-benfiquista), revelam também grande apetência ofensiva, constituindo uma importante fonte de desequilíbrio na organização defensiva adversária. No centro da defesa, abundam igualmente elementos de grande valor, embora o sector venha sofrendo algumas contrariedades a nível de lesões, nomeadamente Paulo Jorge, Rodríguez e, mais recentemente, Moisés. André Leone e os adaptados Frechaut e Stélvio Cruz são outras opções para o lugar. Sem impedimentos, a dupla mais forte será, porventura, composta pelo brasileiro Moisés e pelo peruano Rodríguez. Feliz do treinador que conta com centrais deste calibre e, adicionalmente, com jogadores polivalentes capazes de fazer a posição com tranquilidade.
No sector intermediário, o panorama continua magnífico. Vandinho é o pivot-defensivo incontestado, conferindo ao colectivo intensidade nos diferentes momentos do jogo. A simplicidade de processos e a qualidade de passe são dois atributos que estão sempre presentes no desempenho do 'trinco' brasileiro. É um dos melhores da equipa. Como médios interiores, os titulares por princípio, são Alan, na meia-direita, e César Peixoto, no lado oposto. Este duo é uma das chaves do futebol do Braga, pela facilidade com que jogam, ora mais por dentro, ora encostados à linha. Esta flexibilidade, consoante a equipa está a defender ou a atacar, tornam a equipa mais imprevisível e, por conseguinte, de mais difícil anulação. De realçar ainda, o diferente perfil de ambos: Alan mais veloz e explosivo, Peixoto mais inteligente e seguro. Que melhor combinação para poder gerir os ritmos ao longo dos 90 minutos conforme o adequado em cada momento? Na posição '10', aparece o uruguaio Luís Aguiar, um médio-ofensivo talentoso e tecnicista, que constrói, cria, inventa, e ainda tem tempo para chegar à área e ameaçar a baliza contrária. O recente golo que apontou em Liége é disso um bom exemplo. Jesualdo Ferreira não o quis, agradeceu Jorge Jesus. Mossoró, Jorginho e Matheus, que já brilharam noutros clubes e são valores firmados no nosso país, são as alternativas mais credíveis para entrar no losango em substituição dos habituais titulares.
Na frente de ataque, a dupla mais frequente é formada por Meyong e Rentería. O camaronês é mais experiente, fruto de algumas temporadas já vividas ao mais alto nível nacional, fazendo da sua capacidade goleadora e mobilidade criteriosa trunfos significativos. Já o colombiano que o FC Porto um dia foi buscar ao Internacional, é um avançado mais 'selvagem', muito rápido, meio desengonçado, mas com muita habilidade. É capaz de falhar as ocasiões mais inacreditáveis, mas também de assinar golos de antologia. Dois atacantes que, não sendo extraordinários isoladamente, funcionam muito bem em conjunto. Prontos a saltar do banco estão o tarimbado Paulo César e a jovem-promessa Orlando Sá, uma das últimas apostas de Carlos Queiroz para a Selecção Nacional.
Esta equipa joga à imagem de Jorge Jesus. Olha qualquer adversário de frente - o Milan que o diga - e pratica um futebol atraente, positivo e virado para o ataque. Sente-se sempre confortável com a bola em seu poder e, por isso, aposta na subida da sua linha defensiva e na concessão de pouco espaço entre sectores, como forma de roubar a bola ao adversário o mais rápido possível. Isto só é possível com uma boa organização colectiva, tanto mais que, dos quatro centrocampistas, três deles são, em si mesmos, de características mais ofensivas. Jorge Jesus criou na cidade dos Arcebispos uma equipa moderna, que actua como um harmónio, em bloco, onde todos defendem, todos atacam, todos pressionam o portador da bola com intensidade, todos revelam qualidade com a bola no pé, todos oferecem algo palpável e sabem qual o seu papel em campo. O resto é o trajecto bonito que temos presenciado.
A ESTRELA:
Luís Aguiar
Médio-ofensivo
17-11-1985, Mercedes (Uruguai)
1,83 m
Titular indiscutível desta equipa como 'playmaker', é um médio de grandes recursos técnicos e excelente visão de jogo. Alia magníficas capacidades, quer ao nível da decisão, quer ao nível da execução. É apologista da beleza das coisas simples e bem feitas, nunca adornando os lances em demasia. Esquecido no FC Porto, 'estagiou' no E.Amadora e na Académica, chegando a Braga para se exibir como a autêntica estrela da companhia.
OUTROS DESTAQUES:
Vandinho
Médio-defensivo
15-01-1978, Cuiabá (Brasil)
1,83 m
Um dos principais responsáveis pela boa campanha da equipa e pelo bom futebol praticado. É um pivot-defensivo que se adequa na perfeição ao futebol actual, ocupando o espaço de forma inteligente, pressionando com veemência o adversário que aparece na sua zona de acção e lançando os ataques com simplicidade, mercê do seu bom toque de bola. Na minha equipa, atendendo ao contexto que estou a considerar, era um médio-defensivo assim que jogava.
César Peixoto
Médio-interior-esquerdo
12-05-1980, Guimarães (Portugal)
1,82 m
É um dos toques de classe da equipa. Sempre elegante, actua com serenidade e inteligência na meia-esquerda. Dono de um pé esquerdo de eleição, é bom no passe, nos cruzamentos e nas bolas paradas, tornando-se muito importante para o seu treinador. Não é especialmente rápido, mas compensa com a sua faculdade para tomar quase sempre a opção correcta e, com isso, ajudar o conjunto a ganhar jogos.
Alan
Médio-interior-direito
19-09-1979, Rio de Janeiro (Brasil)
1,80 m
Extremo de raíz, foi adaptado por Jesus a interior, por imposição do losango utilizado no miolo. Ainda assim, é o jogador que maior largura empresta a este Braga, pois sempre que ataca, tem tendência a encostar à linha e explorar a faixa lateral direita. É um malabarista, com muita velocidade e habilidade, constituindo-se como um desequilibrador nato. No FC Porto não foi feliz e tenho dúvidas se servirá para uma equipa mais exigente, mas parece feito à medida deste Braga.
Para esta temporada foi contratado o treinador Jorge Jesus, vindo de uma magnífica campanha no Belenenses. Analisando o trajecto da equipa até agora, pode dizer-se que não podia ter sido mais certeira a aposta do presidente António Salvador para a liderança técnica da formação arsenalista. A classificação actual na Liga Sagres pode até ser considerada modesta face à qualidade do plantel. Nacional e Leixões detêm o mesmo número de pontos com menores recursos. O que faz deste Braga um caso merecedor de maior destaque é a ambição com que entra em qualquer estádio e a qualidade do futebol que apresenta. Há equipas que conseguem algum sucesso esporádico, baseando o seu modelo de jogo em premissas como defender atrás e explorar o contra-ataque, apostando na qualidade das suas melhores individualidades e tentando jogar no erro do adversário. Ao contrário, a formação bracarense interpreta um modelo de equipa grande. Assume normalmente o jogo diante de qualquer adversário, jogando olhos nos olhos, procurando ter a bola e dominar o mais possível. A forma como o Braga encarou os jogos com os três grandes, bem como o percurso notável que vem realizando na Taça UEFA, não se deve a uma fortuna casual. É antes fruto de uma aposta arrojada por um futebol positivo e com espírito ganhador.
Jorge Jesus, reconhecido como um excelente estratega e muito competente no plano motivacional, procurou dar corpo à ambição dos responsáveis bracarenses e montou um plantel que lhe desse garantias de poder praticar o futebol desejado. Rico em qualidade e quantidade, é talvez o conjunto de jogadores mais equilibrado da nossa liga, sendo que algumas individualidades são de fazer inveja à grande maioria das equipas portuguesas. Sem surpresa, o Braga tem sido aquela que melhor futebol tem praticado, já que, à categoria do seu elenco, se junta um líder técnico apologista do futebol de ataque, que cultiva o futebol apoiado e a beleza estética do jogo.
O sistema táctico adoptado desde o começo foi o 4-4-2 losango, o predilecto de Jesus. Na baliza, o facto de o Braga contar com Eduardo, actual titular da Selecção Nacional, dispensa mais considerações acerca da sua qualidade. Com uma estampa física assinalável, o guardião natural de Mirandela, revela segurança e bons reflexos dentro dos postes, tendo apenas que melhorar, na minha opinião, na hora de sair aos cruzamentos. Os laterais, João Pereira pela direita e Evaldo pela esquerda, constituem uma das principais forças desta equipa. Bons a nível de posicionamento e intensos na marcação (sobretudo o ex-benfiquista), revelam também grande apetência ofensiva, constituindo uma importante fonte de desequilíbrio na organização defensiva adversária. No centro da defesa, abundam igualmente elementos de grande valor, embora o sector venha sofrendo algumas contrariedades a nível de lesões, nomeadamente Paulo Jorge, Rodríguez e, mais recentemente, Moisés. André Leone e os adaptados Frechaut e Stélvio Cruz são outras opções para o lugar. Sem impedimentos, a dupla mais forte será, porventura, composta pelo brasileiro Moisés e pelo peruano Rodríguez. Feliz do treinador que conta com centrais deste calibre e, adicionalmente, com jogadores polivalentes capazes de fazer a posição com tranquilidade.
No sector intermediário, o panorama continua magnífico. Vandinho é o pivot-defensivo incontestado, conferindo ao colectivo intensidade nos diferentes momentos do jogo. A simplicidade de processos e a qualidade de passe são dois atributos que estão sempre presentes no desempenho do 'trinco' brasileiro. É um dos melhores da equipa. Como médios interiores, os titulares por princípio, são Alan, na meia-direita, e César Peixoto, no lado oposto. Este duo é uma das chaves do futebol do Braga, pela facilidade com que jogam, ora mais por dentro, ora encostados à linha. Esta flexibilidade, consoante a equipa está a defender ou a atacar, tornam a equipa mais imprevisível e, por conseguinte, de mais difícil anulação. De realçar ainda, o diferente perfil de ambos: Alan mais veloz e explosivo, Peixoto mais inteligente e seguro. Que melhor combinação para poder gerir os ritmos ao longo dos 90 minutos conforme o adequado em cada momento? Na posição '10', aparece o uruguaio Luís Aguiar, um médio-ofensivo talentoso e tecnicista, que constrói, cria, inventa, e ainda tem tempo para chegar à área e ameaçar a baliza contrária. O recente golo que apontou em Liége é disso um bom exemplo. Jesualdo Ferreira não o quis, agradeceu Jorge Jesus. Mossoró, Jorginho e Matheus, que já brilharam noutros clubes e são valores firmados no nosso país, são as alternativas mais credíveis para entrar no losango em substituição dos habituais titulares.
Na frente de ataque, a dupla mais frequente é formada por Meyong e Rentería. O camaronês é mais experiente, fruto de algumas temporadas já vividas ao mais alto nível nacional, fazendo da sua capacidade goleadora e mobilidade criteriosa trunfos significativos. Já o colombiano que o FC Porto um dia foi buscar ao Internacional, é um avançado mais 'selvagem', muito rápido, meio desengonçado, mas com muita habilidade. É capaz de falhar as ocasiões mais inacreditáveis, mas também de assinar golos de antologia. Dois atacantes que, não sendo extraordinários isoladamente, funcionam muito bem em conjunto. Prontos a saltar do banco estão o tarimbado Paulo César e a jovem-promessa Orlando Sá, uma das últimas apostas de Carlos Queiroz para a Selecção Nacional.
Esta equipa joga à imagem de Jorge Jesus. Olha qualquer adversário de frente - o Milan que o diga - e pratica um futebol atraente, positivo e virado para o ataque. Sente-se sempre confortável com a bola em seu poder e, por isso, aposta na subida da sua linha defensiva e na concessão de pouco espaço entre sectores, como forma de roubar a bola ao adversário o mais rápido possível. Isto só é possível com uma boa organização colectiva, tanto mais que, dos quatro centrocampistas, três deles são, em si mesmos, de características mais ofensivas. Jorge Jesus criou na cidade dos Arcebispos uma equipa moderna, que actua como um harmónio, em bloco, onde todos defendem, todos atacam, todos pressionam o portador da bola com intensidade, todos revelam qualidade com a bola no pé, todos oferecem algo palpável e sabem qual o seu papel em campo. O resto é o trajecto bonito que temos presenciado.
A ESTRELA:
Luís Aguiar
Médio-ofensivo
17-11-1985, Mercedes (Uruguai)
1,83 m
Titular indiscutível desta equipa como 'playmaker', é um médio de grandes recursos técnicos e excelente visão de jogo. Alia magníficas capacidades, quer ao nível da decisão, quer ao nível da execução. É apologista da beleza das coisas simples e bem feitas, nunca adornando os lances em demasia. Esquecido no FC Porto, 'estagiou' no E.Amadora e na Académica, chegando a Braga para se exibir como a autêntica estrela da companhia.
OUTROS DESTAQUES:
Vandinho
Médio-defensivo
15-01-1978, Cuiabá (Brasil)
1,83 m
Um dos principais responsáveis pela boa campanha da equipa e pelo bom futebol praticado. É um pivot-defensivo que se adequa na perfeição ao futebol actual, ocupando o espaço de forma inteligente, pressionando com veemência o adversário que aparece na sua zona de acção e lançando os ataques com simplicidade, mercê do seu bom toque de bola. Na minha equipa, atendendo ao contexto que estou a considerar, era um médio-defensivo assim que jogava.
César Peixoto
Médio-interior-esquerdo
12-05-1980, Guimarães (Portugal)
1,82 m
É um dos toques de classe da equipa. Sempre elegante, actua com serenidade e inteligência na meia-esquerda. Dono de um pé esquerdo de eleição, é bom no passe, nos cruzamentos e nas bolas paradas, tornando-se muito importante para o seu treinador. Não é especialmente rápido, mas compensa com a sua faculdade para tomar quase sempre a opção correcta e, com isso, ajudar o conjunto a ganhar jogos.
Alan
Médio-interior-direito
19-09-1979, Rio de Janeiro (Brasil)
1,80 m
Extremo de raíz, foi adaptado por Jesus a interior, por imposição do losango utilizado no miolo. Ainda assim, é o jogador que maior largura empresta a este Braga, pois sempre que ataca, tem tendência a encostar à linha e explorar a faixa lateral direita. É um malabarista, com muita velocidade e habilidade, constituindo-se como um desequilibrador nato. No FC Porto não foi feliz e tenho dúvidas se servirá para uma equipa mais exigente, mas parece feito à medida deste Braga.
3 comentários:
O Luis Aguiar é uma maquina! O meu FCP fez mal em dispensa-lo..
muito bom o post... o braga merece 1 pouco mais de atenção. o benfica é todos os dias capa de jornal e eu não sei o que eles fazem de jeito... FORÇA BRAGA, sempre contigo...
Destaque é tambem o Eduardo,convem n esquecer...
cumprimentos
http://nlandjogabonito.blogspot.com/
Que grande artigo!! Venham mais artigos destes tão completos e bem escritos. Apenas acho que o Eduardo teria de ser um dos destaques, por troca com César Peixoto.
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