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Não quero com isto dizer que não reconheço qualidade às equipas europeias que se atravessaram no caminho dos nossos clubes, muito pelo contrário. Respeito e reconheço essas equipas como adversários exigentes e habituados ao sabor das vitórias. Mas também identifico as nossas equipas como adversários competitivos e prontos para lutar pelo seu triunfo. Tal como os “maravilhosos estrangeiros”, os nossos colectivos também conquistaram e mereceram um lugar na Europa, e como se costuma dizer, neste tipo de competição todos os adversários são difíceis. O que é preciso é “fazer o trabalho de casa”, preparar a equipa para o tipo de confronto em questão e ter confiança num bom resultado. Essa confiança, é alimentada pela equipa técnica e dirigentes do clube, mas é também influenciada por aquilo que a opinião pública transmite.
O exemplo mais recente é o caso do Futebol Clube do Porto que foi hoje derrotado por 4 bolas a 0 frente ao Arsenal. O resultado até pode, à primeira vista, sugerir que o Porto não teve capacidade para defrontar de igual para igual a equipa inglesa e que esta é muito superior. Contudo a derrota dos Dragões não se ficou a dever á falta de capacidades mas sim e sobretudo, à insegurança da equipa. O colectivo de Jesualdo acabou por permanecer demasiado recuado em campo, não pressionando o adversário. Este facto facilitou a progressão do Arsenal que, através da circulação de bola, acabou por criar espaços na área do Futebol Clube do Porto, desorganizando a defesa. Desta forma, e em especial do lado direito, tornou-se fácil para os avançados da equipa britânica movimentarem-se nas costas da defesa Portista, finalizando. Com a desvantagem, a insegurança aumentou e o FC Porto acabou por perder o seu poder ofensivo (que na primeira metade chegou a criar algum perigo na defensiva do Arsenal). A equipa acabou por sofrer o terceiro golo no inicio da segunda parte, e aí “perdeu a cabeça”, praticando um futebol algo desorganizado.
Bastava um pouco mais de confiança para que a equipa comandada por Jesualdo Ferreira se balanceasse mais no ataque, pressionando a defesa adversária que não reage muito bem a este tipo de abordagem. Talvez desta forma, a nossa equipa pudesse ter alcançado a vantagem necessária para destabilizar o Arsenal. O medo do nome do adversário acabou por pesar no resultado, custando 3 pontos ao colectivo Portista.
Atenção, bem sei que a derrota do Porto certamente terá outras motivações para além daquela que aqui foco. No entanto, acho que a sobrevalorização do adversário tem um peso significativo no psicológico da equipa, o que se revelou em campo.
Temos, portanto que começar a dar o devido valor às nossas equipas, não implicando isto, porém, que se deixe de reconhecer a qualidade do adversário. Uma coisa é saber identificar o que vale o nosso rival, outra coisa é sobrevalorizá-lo e esquecer o nosso valor. Não digo que se deixe de “falar” sobre o “inimigo”, apenas penso que se deve destacar também a “equipa da casa”. Afinal, somos tão bons como os outros!
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