terça-feira, 18 de junho de 2013

OPINIÃO: O fabuloso destino...



Um dos grandes problemas do futebol actual é a facilidade com que se movimentam astronómicas quantias de dinheiro e com que se seduzem jovens que no nada podem passar a ter tudo. O futebol vai deixando de ser um desporto de verdadeira paixão (apenas o é para adeptos) e vai-se transformando cada vez mais num negócio de milhões e comissões onde reinam os agentes, os empresários, os intermediários e os investidores. Muitos talentos se perdem precocemente por decisões erradas e passos mal dados na gestão da sua carreira. Numa fase em que é fundamental crescer como jogador e como homem, são muitos os jovens que, na maioria das vezes pressionados por quem devia gerir as suas carreiras, se deixam deslumbrar pelo reluzir dos milhões e perdem a oportunidade de se tornarem atletas melhores. Por vezes (é quase sempre assim) dar um passo maior do que a perna não significa andar para a frente e no caso do futebol pode significar mesmo o fim de uma possível carreira de sucesso desportivo.


O caso Atsu

Depois de uma época que prometeu muito mas que, verdade seja dita, acabou por deixar algo a desejar, eis que o miúdo ganês formado pelo FC Porto, dando mostras de pouca gratidão e até mesmo pouca consciência desportiva (talvez esteja a ser mal acompanhado) afirma publicamente o desejo de sair para Inglaterra e não renovar o contrato profissional com a equipa que lhe abriu as portas do futebol europeu e que fez dele jogador e homem. 

É certo que todos os profissionais (seja em que área for) têm direito a ter ambição e a chegar mais longe. Atsu não é diferente dos outros e tem, por isso mesmo, esse direito de querer mais e melhor na sua carreira desportiva e na sua condição financeira, mas às vezes aquilo que pode parecer um passo em frente não o é (exemplos disso não faltam) e aquilo que pode parecer uma aposta acertada num futuro risonho e promissor, não passa de um definitivo passo para uma carreira de pouca (por vezes nenhuma) notoriedade. O jovem ganês não é (era só o que faltava) obrigado a renovar contrato com o FC Porto e muito menos a jurar fidelidade ao clube. O que Atsu é obrigado a fazer (ou devia se o carácter permitisse) era ser grato a quem lhe deu a mão, ter uma atitude de acordo com esse sentimento e pensar um pouco no que poderá ser melhor para o seu futuro desportivo. Na verdade, o que aconteceu foi precisamente o contrário!

Infelizmente (porque é um jovem com talento) a questão da renovação de Atsu tem ainda um outro lado que é o do seu próprio futuro enquanto profissional. Se por um lado não se notam grandes movimentações (não quer dizer que não existam) para levar o jovem futebolista para o destino desejado (grandes clubes ingleses), por outro o seu futuro no Dragão foi completamente hipotecado depois das últimas declarações proferidas. Tudo isto significa que Atsu pode não ter a saída que tanto ambiciona e com que se deixou deslumbrar e, ao invés de crescer e melhorar num clube que já provou ter capacidade para o fazer e num campeonato onde poderia jogar e aprender, poderá ver-se na eminência de seguir os passos errados e ser "obrigado" a enveredar por uma carreira menor. É normal que miúdos de 19 ou 20 anos se deixem deslumbrar por mundos e fundos que lhes são prometidos e, por isso mesmo, seria bom que existisse alguém para os aconselhar a dar passos certos e seguros na carreira mas a verdade é que, na maioria dos casos, os empresários existem para olhar pelo seu próprio umbigo e para, também eles, se deixarem deslumbrar com os mundos e fundos que uma transferência lhes pode valer.

Veremos no futuro se Atsu deu um passo em frente na sua carreira ou se, pelo contrário, lhe deu um enorme pontapé.


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