sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

ENTREVISTA - João Coimbra: «Quero subir de divisão com o Estoril»

Foi campeão europeu de sub-17, campeão de juniores pelo Benfica e já pisou o relvado de Old Trafford. Formado no Benfica e já com 24 anos, aquele que já foi considerado «o novo Rui Costa» está agora no Estoril Praia, procurando regressar aos grandes palcos do futebol nacional. Apresenta a particularidade de ser tratado por «Doutor» entre os colegas, fruto da frequência no curso de Medicina, na Faculdade de Medicina de Lisboa.

Em entrevista exclusiva à Revista Futebolista, João Coimbra falou sobre a sua carreira, o seu passado glorioso e difícil na Luz e sobre a aposta no Estoril, onde é um dos jogadores mais acarinhados no clube.

Revista Futebolista: Foi uma aposta de Fernando Santos no Benfica [2006/07], onde era considerado o sucessor de Rui Costa, mas não conseguiu afirmar-se. O que falhou no Benfica?
João Coimbra: Penso que enquanto estive no Benfica não falhou nada. Era jovem, fui lançado aos poucos na equipa principal, joguei no campeonato e na taça uefa. Foi um bom ano para mim, onde mostrei que podia ter ficado no plantel. A época terminou e eu e os responsáveis do clube achámos que podia ser bom para mim ser emprestado quando o Nacional da Madeira demonstrou interesse em ter-me e, aí sim, algo falhou.

RF: O que falhou?
JC: Fui para a Madeira depois de onze anos fantásticos no Benfica, mas as coisas não correram bem e não tive nenhum apoio por parte do Benfica. Senti-me abandonado pelo clube, um clube que me ajudou a crescer e um clube onde dei tudo. Passei o ano todo no Nacional a jogar pouco e ninguém por parte do Benfica me ligou a perguntar se precisava de algo. Terminou a época [2007/08], eu ainda tinha mais dois anos de contrato e recebi apenas uma mensagem por parte do sr. Shéu a dizer para me apresentar no clube, quase um mês depois do plantel principal. Iam-me pôr a treinar à parte... Senti-me muito magoado, porque foram onze anos... e nem uma palavra cara-a-cara me deram, limitaram-se a enviar uma mensagem.

RF: Na Madeira, tentou também a sua sorte no Marítimo...
JC: Cheguei tarde ao Marítimo e nem 15 dias treinei, fui logo emprestado ao Gil Vicente. Prefiro não falar sobre isso.

RF: Está a jogar a sua terceira época na Segunda Liga, onde tem estado em destaque. Para quando o salto para a Primeira Liga?
JC: O salto para a primeira liga, por mim, era já este ano com o Estoril. É um clube que me tem ajudado a crescer muito enquanto jogador. Aliás, sinto que cresci em todos os clubes onde passei.

RF: Prefere continuar em Portugal ou uma experiência no estrangeiro seria do seu agrado?
JC: Sinceramente gostaria muito de continuar por cá, mas no futebol tudo pode acontecer. Países como a Inglaterra ou Espanha atraem qualquer jogador. Talvez até mais a Inglaterra, pela verdadeira paixão que há pelo jogo.

RF: Quais foram as pessoas que mais o marcaram ao longo da carreira?
JC: Muitas... desde cedo tive treinadores que já tinham sido grandes jogadores no seu tempo e que me marcaram muito: o Chalana, os dois irmãos Bastos Lopes, Zé Luís, o Prof. Morais, Paisana, João Santos... E profissionalmente já joguei também com grandes jogadores, como Simão, Nuno Gomes, Miccoli... foi um sonho!

RF: E os seus ídolos?
JC: Para além de Simão e Nuno Gomes, o Redondo e o Zidane.

RF: Há algum episódio marcante na sua carreira que gostaria de partilhar?
JC: Felizmente tenho muitos: ter sido campeão da europa de sub-17 pela nossa selecção, ter sido campeão nacional de juniores pelo Benfica (depois de ter falecido um dos meus melhores amigos, Bruno Baião), ser convocado para um jogo em Old Trafoord e jogar com o PSG na Taça Uefa, a titular, em Paris.

RF: Acha que ainda é possível chegar à selecção A?
JC: Procuro não pensar nisso. É um sonho de qualquer jogador, mas tenho os pés bem assentes no chão. Neste momento estou no Estoril e é só no Estoril que penso. Vou apostar tudo este ano para ajudar o clube no seu objectivo!

RF: Fora dos relvados, como ocupa os tempos livres?
JC: Ir ao cinema, estar no computador, namorar, estudar, estar com a família e na praia.

RF: Para terminar, qual o seu maior sonho enquanto jogador?
JC: Desde pequeno, sempre tive o sonho de chegar à equipa principal do Benfica e foi fantástico concretizar esse jogo. Neste momento, o que mais quero é ajudar o Estoril a subir de divisão e, como já disse, manter os pés bem assentes no chão. Quero melhorar dia após dias, o futuro e eu próprio vamos traçando o caminho que devo seguir.

6 comentários:

Luís de Camões disse...

Grande jogador! Os 4 grandes de Portugal andam de olhos fechados no que é nacional!

Guti disse...

Que talento desperdiçado.. mais um que sofreu na pele a cegueira dos dirigentes do Benfica relativamente às camadas jovens.

Necas disse...

Assim se percebe porque razão o Benfica desperdiçou bons jogadores das camadas jovens. Joao Pereira incluído. É bem, Sheu, uma mensagem fica sempre bem... VERGONHA!

Anónimo disse...

Sheu? a culpa é do Rui Costa.. prometeu apostar forte nas camadas jovens e é o que se vê

Kardec disse...

O mal é que estes putos tb chegam à equipa principal do Benfica e pensam que já são os maiores. Olhem o Manuel Fernandes? Apostámos nele e à priemira oportunidade lixou-nos. Agora tá na turquia...

Kardec disse...

O mal é que estes putos tb chegam à equipa principal do Benfica e pensam que já são os maiores. Olhem o Manuel Fernandes? Apostámos nele e à priemira oportunidade lixou-nos. Agora tá na turquia...